Semana passada publiquei no jornal O Alto Taquari, da minha terra natal – Arroio do Meio – que gostaria de viver até os 65 anos. O objetivo resulta da minha verdadeira obsessão em viver com um mínimo de qualidade de vida, sem penalizar as pessoas ao meu redor. A manifestação, que também foi postada no Facebook, rendeu uma enxurrada de críticas de amigos, familiares e conhecidos, indignados com meu desejo.
Alguns disseram que um pai de família é sempre importante, mesmo que os filhos já sejam adultos. Outros argumentaram que os avanços da indústria farmacêutica permitem uma velhice saudável, bem diferente das dores e desconfortos de outrora. Ouço, reflito, mas não mudo de opinião.
A cada dia, vendo algumas manchetes que se multiplicam, chego à conclusão de que apesar dos meus 57 anos já estou muito velho para certas facetas da modernidade. E isso não envolve apenas manusear um celular ou computador, falar e entender inglês, ou comprar qualquer coisa pela internet.
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Fiquei tremendamente impactado com a notícia da agressão à professora de Indaial, em Santa Catarina, na semana passada, cometida por um aluno inconformado. Mais estupefato ainda fiquei ao ler muitos comentários condenatórios à vítima por postagens que ela fez nas redes sociais. Muitas – é verdade – pregando a violência, numa postura também inadmissível. Mas a livre manifestação, quando contraria nossas opiniões, não justifica qualquer tipo de agressão física. Isto é covardia, apelação, primitivismo.
Sou do tempo em que o aluno se dirigia ao professor ou professora usando o tratamento “senhor” ou “senhora. Este hábito, aliás, mantenho até hoje no contato com pessoas de mais idade ou hierarquicamente superiores. Procurei legar aos filhos, de 21 e 23 anos, esta saudação de reverência e consideração.
A falta de respeito, no entanto, está longe de ser exclusividade dos jovens. A estupidez humana pode ser flagrada nos mais diversos ambientes. Parece que a pressa, a cultura do descartável (inclusive nas relações humanas e afetivas) e da ostentação sepultaram de vez a simples cortesia de dizer “bom dia” olhando nos olhos do interlocutor.
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A falta de gentileza campeia solta na invernada da convivência social, gerando crimes em ambientes insólitos, como ocorre no trânsito, numa fila de supermercado ou do caixa eletrônico, no ônibus e lotação onde os idosos, gestantes e obesos precisam implorar o respeito ao seu direito.
Os inegáveis avanços tecnológicos são incapazes de produzir educação e polidez no trato. Diante de tamanhas manifestações da estupidez humana, parece que realmente estou muito velho. Praticamente um dinossauro!
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