Foi na casa da irmã Graciela, que fica próximo ao Shopping Santa Cruz, que o político Irton Marx comemorou o seu aniversário de 77 anos no último dia 1º. Também é lá que ele se recupera das sequelas do grave acidente que sofreu na tarde de 31 de agosto, no entroncamento da BR-471 com a Rua Victor Frederico Baumhardt, no Distrito Industrial de Santa Cruz do Sul.
LEIA TAMBÉM: Presa no Noroeste do Estado cigana que assassinou marido em Vera Cruz
No dia do acidente, Irton, que ficou conhecido por defender a chamada República do Pampa – movimento que defendia a separação do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina do restante do Brasil –, seguia a pé quando foi atingido por um Renault Clio cinza. Seu estado foi considerado grave e ele chegou a ficar em semicoma, sendo transferido às pressas do Hospital Santa Cruz (HSC) para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Canoas.
Publicidade
Constatou-se que o homem de 77 anos havia sofrido uma fratura da vértebra da coluna cervical e fraturas na perna esquerda. Ainda se recuperando, utilizando colete cervical e andador, Irton recebeu a equipe da Gazeta do Sul e contou sobre o acidente, como está se recuperando, seu estado de saúde atual e até sobre as eleições municipais – mesmo com dificuldade para caminhar, fez questão de exercer o direito ao voto.
“Estou procurando me recuperar e venho fazendo uma bateria de exames. Sou forte e vou vencer mais essa. Às vezes bate uma tristeza, porque minha natureza não é estar parado, mas estou procurando entender essa situação que aconteceu comigo”, disse ele, que afirma precisar tomar cuidados no deslocamento dentro da casa da irmã.
No entanto, vai seguido até sua própria casa, principalmente para tratar os sete cães que resgatou das ruas e tem em seu pátio. Após passar dias sozinho no HPS, ele foi transferido em 5 de setembro para o HSC, onde permaneceu fazendo tratamento, até ter alta e ir para a casa da irmã. Ele agradeceu muito à Prefeitura por ter providenciado o seu transporte.
Publicidade
“O médico que fez a cirurgia na perna disse que está boa a recuperação, e os três pinos colocados em Canoas foram retirados nessa última semana”, contou. Morando sozinho em uma residência no Bairro Dona Carlota, ele relatou que decidiu ficar na casa no Centro por ser mais próxima de locais onde ele precisa fazer exames, e por estar com mais pessoas, em caso de necessidade emergencial.
O atropelamento há um mês e meio vem sendo investigado, mas Irton prefere nem comentar. “Entreguei toda a situação para um advogado, que está cuidando do caso”, disse ele, que fica feliz ao lembrar do carinho que recebeu de amigos e conhecidos. “A matéria que saiu na Gazeta foi longe. Recebi mensagens de Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Santa Catarina, Paraná, até do Uruguai e da Espanha”, comentou. “Todas essas mensagens me motivaram a ficar bem.”
LEIA TAMBÉM: Vera-cruzense morre em acidente aéreo em Minas Gerais
Publicidade
Os contatos, na maioria, são de pessoas que o conhecem pelas ideias separatistas, que ele desenvolveu a partir de 1985. Nascido em Hamburgo, na Alemanha, Irton veio para Santa Cruz em 1947, com apenas 11 meses e 4 dias de vida. Junto com o irmão mais velho, além de outros dois nascidos no Brasil, cresceu na região onde fica o quartel – no qual, inclusive, prestou serviço em 1966. Seus pais trabalhavam em empresas de tabaco.
Foi funcionário da Companhia de Fumos Santa Cruz, garçom no Quiosque, fez curso técnico de Enfermagem no Hospital Pompeia, em Caxias do Sul, e manteve uma fábrica de confecções que chegou, segundo ele, a contar com 178 funcionários. Sua companheira Catarina faleceu de câncer há vários anos. Já os dois filhos, Lucas e André, e os três netos moram na Alemanha. Sempre atuante no meio político, foi eleito o vereador mais votado no pleito de 2004 em Santa Cruz.
Concorreu a prefeito de Santa Cruz em 2020, quando fez 347 votos. Mesmo debilitado pelo acidente recente, acompanhou o andamento das eleições municipais deste ano, e fez questão de dar sua opinião.
Publicidade
“Sobre a notícia de corrupção, não existe nenhum culpado ou inocente no momento, só depois da terceira instância ter julgado. Dei meu voto para a Helena Hermany”, disse. “Diante do resultado, eu apoio a chapa vencedora, porque não podemos querer impedir que a nova administração faça um bom governo. Precisamos querer o bem de todos os santa-cruzenses. Eleição democrática é assim que funciona.”
Questionado se pensa em voltar a concorrer a algum cargo público, afirma categoricamente que não. “Aprendi que dizer verdades fere muita gente, que depois desprezam os francos e sinceros.” Por fim, afirmou que investiu a vida gratuitamente no ideal de independência do Rio Grande, mas muitos não deram atenção a esse fato, preferindo ignorá-lo. “Minhas modestas firmas sustentaram a causa por mais de três décadas e eu fiquei abandonado. No entanto, jamais desistirei dessa causa rio-grandense.”
Publicidade
This website uses cookies.