Quando começou esse auê do vírus, fiquei frio, levei minha vida normal, de Porto Alegre para Unistalda, de lá para Xangri-Lá, desconheci solenemente a ordem do régulo municipal que se arvorou em legislador federal, passeei na orla, nos domínios do que pertence à União (lembremo-nos de que nossos municípios ainda não são nações independentes, conquanto alguns prefeitos se arvorem à condição de imperadores). No entanto, o pessoal foi se assustando e começou uma bagunça de informações pelas redes sociais.
Estava me lembrando de um sonho que tive. Eu era um recruta que iria lutar contra, deixa-me ver, contra a China. Minha arma era um revólver calibre 22, daqueles de matar tico-tico. Posição! Sentido! Entrou o general, o marechal, o sargento, não consegui ver bem as dragonas, e exclamou: “Vamos combater o exército da China, mas, vejam bem, cuidem-se, não queremos que ninguém morra. Por isso, vocês vão ficar dentro dos quartéis, bem quietinhos”. Ao que um recruta redarguiu: “Mas daí vamos morrer de fome!” O comandante disse: Isso é bobagem, nosso agro é forte, agro é pop, vocês só pensam em comida!”.
Os produtores rurais nos salvariam. Para eles não tem ruim. Mas… E as indústrias?
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Nisso acordei, todo suado.
O que está me incomodando é o fato de a maioria dos mandatários públicos nunca ter pegado numa enxada, nem montado num cavalo, não para desfilar tipo gauchinho de apartamento, mas para cuidar do gado. Me incomoda que não estão nem aí para os prejuízos. A maioria quer tirar o seu da reta. Aí ficam pintando corzinhas, mandando restaurantes afastarem as mesinhas tantos milímetros para cá ou para lá. Coisas de burocratas que mandam o povo usar esses paninhos, mas eles aparecem na foto sem nada.
Impossível não falar sobre nosso presidente. Não sei que livro pode ter lido para levar o presidencialismo a este purismo. O presidente é que manda e fim de papo? Não pode continuar assim. Não creio que domine todas as áreas do conhecimento. Precisa de seus ministros para o ajudarem a governar. Para alívio geral, parece que está menos impulsivo e mais cordato. A grande verdade é que andou dando tiros no próprio pé.
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É evidente que está no ar o fenômeno da submersão, com escafandro e tudo. Conheço dezenas, quase centenas de políticos que há meses eram partidários incontestes de nosso presidente. Hoje estão quietos, submergiram para esperar o que vai acontecer. Vamos ver quanto dura o oxigênio.
Pergunta final: sou comerciante, não fiz nada errado, mandaram eu fechar as portas, tive um baita prejuízo. Quem vai me ressarcir?
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