Difícil comemorar a chegada do fim de semana após os episódios dos últimos dias. Dez pessoas – cinco delas estudantes- morrem após um brutal ataque em uma escola no município de Suzano, em São Paulo. Uma dupla, armada, vencida por um ódio ainda inexplicável decide matar e acabar com a própria vida. Horas depois, o líder do PSL no Senado, Major Olímpio, afirma que se algum professor estivesse armado, o tamanho da tragédia na escola de Suzano teria sido “minimizado”.
Que Brasil é esse? Que líderes são esses que legitimam a violência e entendem que as armas são a cura para todos os males e conflitos do nosso país? Quem realmente consegue acreditar que a arma na mão de um educador/funcionário em Suzano teria feito estragos menores? Só consigo entender que a tragédia teria sido ainda mais dolorosa. Pelo menos o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, retrucou Major Olímpio e afirmou que “o monopólio da segurança pública é do Estado, e não responsabilidade do cidadão.” Ufa!
As coisas andam estranhas. E o Brasil sombrio. Prova disso é a falta de respostas para o assassinato de Marielle e Anderson. Um ano depois, descobrimos quem apertou o gatilho, mas quem foi o mandante? Por que Marielle? Que grupo é capaz de matar – e ver a violência – como forma de fazer política e pleno século 21? É fato que a vereadora eleita democraticamente pelo PSOL representa tudo o que racistas, sexistas e homofóbicos querem distância: mulher forte, mulher negra, mulher forte, negra, lésbica (e que nunca se deixou calar).
Publicidade
O que conforta a mim e a todos que buscam respostas é a força que a imagem da vereadora ganhou. Marielle virou símbolo. Aqui no Rio de Janeiro (cidade onde agora resido), o rosto de dela está estampado em todas as esquinas. Nas minhas redes sociais também. Multidões cobram respostas e encontram na representação dessa parlamentar que coordenou a Comissão de Direitos Humanos da Alerj, uma bandeira a ser levantada.
As coisas andam estranhas, sim, mas a população não deixou de lutar. O que dizer do espetáculo da Mangueira que conquistou o título do Carnaval ecoando a letra “Marias, Mahins, Marielles, Malês”? Eu tive o privilégio de ir em um ensaio da escola e senti a força com que aquele samba enredo era cantado. Imagina o que não deve ter sido na Sapucaí… De arrepiar.
Usemos o caso Marielle – e essa imensa mobilização – como ferramenta de motivação para não desistir. Com medo e comodismo ninguém avança. Com coragem e bom senso para dialogar, sim. Lembrem-se: não é só por Marielle, é por todos nós, brasileiros. É por entender que nenhuma vida vale mais que outra.
Publicidade
Obs: Nessa quinta-feira foi lançada a plataforma florescerpormarielle.com.br/. Acessem! O projeto resgatou a trajetória da vereadora e coletou depoimentos que explicam porque Marielle foi o que foi. Aliás… é o que é!
This website uses cookies.