Uma patrulha de militares brasileiros é parada por gritos de socorro e encontra um corpo caído no chão. Durante a averiguação, é chamada para socorrer uma vítima de estupro em um acampamento de desabrigados haitianos e, além de atender a vítima, ainda tem que evitar um linchamento do criminoso. O desenrolar desses acontecimentos se deu nesta quarta-feira, 15, em uma praça do pacato bairro de Sulacap, na zona oeste do Rio de Janeiro, mas tudo era parte de um treinamento para militares que vão para a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), em 11 de maio. Entre as responsabilidades dessa equipe, está garantir que o país tenha eleições tranquilas no segundo semestre deste ano.
Desde o início desta semana, até o próximo dia 24, as ruas de Sulacap e bairros vizinhos como Vila Militar, Bento Ribeiro e Marechal Hermes têm sido campo de treinamento para 850 homens que o Brasil enviará para compor o Batalhão de Infantaria de Força de Paz durante seis meses. Os exercícios simulados incluem situações como manifestações, transporte de urnas e patrulhamento. “São situações que eles vão encontrar quando chegarem lá, nas cidades e aglomerações”, explica o coronel do Exército José Ricardo Vendramin Nunes, comandante do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil.
Segundo Vendramin, o treinamento dos soldados que vão para a missão de paz mudou muito ao longo dos anos, tanto pela experiência adquirida quanto por mudanças no cenário. Os soldados que treinam para viajar em maio, por exemplo, precisarão estar preparados para operações em áreas maiores, já que países como Argentina e Peru deixaram a missão de paz recentemente, aumentando a área de responsabilidade do Brasil. Outra novidade, em relação aos soldados que embarcaram em novembro, é a necessidade de estarem preparados para as eleições legislativas e presidenciais.
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O primeiro turno das eleições legislativas do Haiti foi anunciado para 9 de agosto, e o segundo turno para 25 de outubro. Nesta data ocorrerá também o primeiro turno das eleições presidenciais e locais. Em caso de as eleições presidenciais necessitarem segundo turno, será no dia 27 de dezembro.
“O papel do batalhão brasileiro deverá ser o de manter a segurança dos locais de votação e o transporte das urnas, além fazer com que a eleição transcorra de maneira tranquila”, disse Vendramin,. Ele adiantou que os exercícios relacionados às eleições incluem conter ânimos exaltados por causa da disputa eleitoral e impedir boca de urna do lado de fora dos locais de votação.
Para que a população não se assuste com o treinamento e a presença dos militares nas ruas, foram usados carros de som e até outdoors para anunciar a operação. Além disso, foi feita uma panfletagem nas casas, pedindo colaboração. “É importante não interferir nas ações! Seu apoio é fundamental para o preparo de nossos militares e para o sucesso da missão”, diz o panfleto.
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