Sou da velha guarda de jornalistas. Daqueles que, independentemente de partido ou ideologia, se detêm para ouvir um bom orador. Por isso confesso que aos 58 anos – 40 e poucos de jornalismo – está cada vez mais difícil aturar o blá-blá-blá que permeia os meios de comunicação e os parlamentos em geral. A pobreza de linguagem é a regra. Longe de mim defender o uso do vernáculo rebuscado, mas a proliferação de chavões irrita porque não dizem nada e provocam bocejos nas plateias.
Oradores e jornalistas têm compromisso com a divulgação de cultura. Ok, nada rebuscado, mas usar sinônimos àqueles repetidos à exaustão. De acordo com a época, nota-se que determinadas expressões parecem onipresentes de tanto uso similar nos mais diversos segmentos. Seguem algumas expressões que estão com o prazo de validade vencido há muito tempo.
Pessoa humana: é difícil imaginar uma pessoa que não seja humana, apesar de atitudes animalescas tomadas por muitos semelhantes. O uso dessa expressão deveria ser revogado imediatamente!
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Empoderamento: termo de uso até recente, mas tão repetido que parece velho e superado. Ao lado deste segue o “empoderamento feminino”, que empobrece a luta das mulheres e carece urgentemente de sinônimos.
Atitude republicana: no meio político, provoca dor nos ouvidos mais sensíveis. Velha e tão usada que perdeu credibilidade.
Sociedade civil organizada: serve para conceituar até grupos sociais desorganizados. Repetição exaustiva fez a expressão perder importância e ficar chata.
Meio ambiente: são palavras sinônimas, usadas desde que a luta ecológica era novidade. Exageros esvaziaram o significado.
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Estado democrático de direito: serve para tecer críticas contra adversários políticos ou reclamar possíveis injustiças. Vulgarizada, a expressão permeia vários ambientes.
Segurança jurídica: termo de grande importância, mas que carece de valorização devido ao uso indiscriminado. Sinônimos são bem aceitos.
Representatividade popular: condição pretextada por inúmeros detentores de mandato. Muitas vezes empregada para justificar atitudes “pouco republicanas” que se transformam em escândalos ou denúncias cabeludas.
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Consagrado pelas urnas: expressão com íntima relação com a irmã gêmea “representatividade popular”. Dá impressão de uma onipotência ou força incomum, graças à conquista de um mandato ou de expressiva votação em um pleito.
O leitor certamente vai lembrar muitas outras expressões vazias presentes no seu dia a dia. Isso acontece ao ouvir rádio, assistir à tevê, ler notícias no jornal ou internet. E ao suportar discursos pouco criativos.
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