Em um pavilhão de tijolo à vista, no alto de uma colina em Linha Andrade Neves, no interior de Santa Cruz do Sul, a cultura trazida à região pelos imigrantes alemães pulsa mais forte. Os responsáveis por manter vivas as tradições são os integrantes da sociedade Unidos Venceremos, que há 20 anos se reúnem para jogar bolão, loto e carteado, degustar um bom churrasco e falar o dialeto alemão. Nesse domingo, 15, cerca de 350 associados se encontraram novamente para o tradicional evento do grupo, que acontece a cada dois meses.
“A gente notava que os jovens estavam se afastando cada vez mais da cultura das comunidades, e pensamos em criar um grupo onde eles também fossem valorizados, e que toda a família pudesse se reunir. E deu certo. Eu tenho muito orgulho de Deus ter me dado essa ideia”, resume o atual presidente da sociedade, Gilberto Müller.
De acordo com ele, que é piscicultor e reside na localidade, os adolescentes a partir de 12 anos já podem se associar e participar das atividades. Já para as crianças há uma praça ao lado do pavilhão, onde os pequenos aproveitam os domingos de festa. “E os idosos também têm um tratamento especial. Temos três mesas reservadas para a terceira idade e servimos o almoço para eles na mesa, não precisam entrar na fila. São esses pequenos detalhes que fazem a diferença”, comentou Müller.
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Além de preservar a cultura dos antepassados, através dos jogos e da confraternização, o presidente ressalta que a sociedade não tem fins lucrativos, e que as mensalidades dos participantes são revertidas para eles mesmos. “Por isso temos um almoço bastante acessível, com churrasco, carreteiro e saladas a R$ 7,50. Os prêmios para os primeiros cinco colocados do bolão vêm em dobro, e são sempre coisas úteis, como alimentos e produtos de limpeza”, contou.
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Conforme Müller, quase a totalidade dos associados fala o dialeto alemão, e as crianças também são ensinadas desde cedo. Além dos moradores de Linha Andrade de Neves e arredores, a sociedade conta com membros de diversas partes do município. “Muita gente que tem suas origens aqui e migrou para a cidade agora é associada e está retornando. Nós somos hoje 450 associados, um dos maiores grupos desse tipo no Estado”, destacou o presidente.
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Segredo está no capricho e na coletividade
Como o próprio nome sugere, o diferencial da sociedade de Linha Andrade Neves está na união entre os seus participantes. Todos os ingredientes do almoço, por exemplo, são de produtores da localidade, e a mão de obra também conta com dezenas de voluntários. A agricultora Elaine Kurtz é uma das mulheres que ajuda na preparação das refeições, e revela que o trabalho começa sempre no sábado anterior. Já no domingo os preparativos iniciam às 7h30.
“No sábado se começa a fazer as cucas e no domingo a gente vem cedo para descascar as batatas para a maionese, começar a preparar a galinhada, e só saímos no fim do dia, depois de limpar tudo. É muito legal porque a gente cultiva as amizades e assim como tem os momentos de pegar no pesado tem os momentos de piada. Também conhecemos muita gente de fora”, comentou.
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A filha de Elaine, Larissa Betina Kurtz, está com 12 anos e já faz parte da sociedade. “É muito diferente, a gente pode se reunir para conversar. E também tem o bolão, que é a parte que eu mais gosto”, contou.
Um dos fundadores da sociedade, o agricultor Eno Christmann destaca ainda a organização dos encontros. Neste domingo, ele e a família lotaram uma das mesas do pavilhão. “A gente vem aqui e é extremamente bem atendido. Eu participo de todos os jogos, não perco um evento”, frisou.
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