Quando a primeira Gazeta de Santa Cruz foi impressa, o clima de alegria tomou conta de todos os envolvidos na empreitada. Francisco José Frantz, que mais tarde tornou-se diretor do jornal e um dos principais nomes da história da imprensa gaúcha, desde o início era um dos mais empolgados com o projeto, que o acompanhou durante a vida.
Em 26 de janeiro de 1945, quando a Gazeta saiu às ruas, ele estava com 27 anos. Com o primeiro exemplar em mãos, caminhou da tipografia Aloísio Rech, que ficava na Ramiro Barcelos, entre as ruas Marechal Floriano e Tenente Coronel Brito, e subiu a ladeira até a casa da irmã Annita, poucos metros adiante. Ela era casada com o irlandês Patrick Joseph Fairon, que viera morar em Santa Cruz na década de 1920 para estruturar a fábrica da Companhia Brasileira de Fumo em Folha, hoje Souza Cruz. O casal teve cinco filhos.
Então com 13 anos, Moina descreve com detalhes aquele momento. “Lembro-me desse dia como se fosse hoje, quando o tio Francisco, galgando os degraus da escada de minha casa, de dois em dois, chegou ofegante e cheio de entusiasmo para apresentar o Número Um do seu jornal. Com irreprimível alegria estampada no rosto, solenemente colocou a Gazeta de Santa Cruz nas mãos de sua irmã mais velha, minha mãe. Estávamos todos faceiros e muito orgulhosos com a vitória do tio Schloka. A cidade tinha jornal novamente!” Hoje, aos 88 anos, a escritora integrante da Academia de Letras de Santa Cruz tem como seu patrono justamente Francisco Frantz, ou simplesmente Onkel Schloka, como era carinhosamente chamado em família e pelos amigos.
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A escolha, conta, deu-se em função da relevância desse homem que, em suas palavras, foi um visionário por não medir esforços ao lado de seus parceiros para a criação de um jornal. Afinal, até a Gazeta se consolidar como um dos maiores jornais do Estado, Frantz e seus colaboradores tiveram de empenhar grandes esforços e, com isso, ajudaram a escrever a história de muitas vidas e a noticiar grandes acontecimentos.
Além dos laços familiares com o fundador, a escritora cultivou o hábito de ler a Gazeta. Casada com o militar Claudio Brito Rech, Moina viveu em diferentes regiões do País, mas nunca deixou de se manter informada sobre sua terra. “Quando fomos para a fronteira, no Amapá, não ficamos sem saber do que acontecia em nossa cidade natal, pois minha sogra juntava um punhado de Gazetas e as mandava pelo Correio. Não importava se os jornais seriam lidos com um mês de atraso. Para nós, morando literalmente no meio do mato, todos os assuntos eram novidade. O jornal era um elo que nos unia a Santa Cruz. Anos mais tarde, e morando em outras cidades não tão longínquas, tornamo-nos assinantes”, lembra.
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Como testemunha ocular, Moina acompanhou importantes momentos da evolução do jornal. No começo dos anos 1950, ela viu a chegada de uma nova impressora para a confecção da Gazeta. A grandiosa máquina foi trazida para Santa Cruz de trem. Da estação férrea, na atual Praça Sieg-fried Heuser, e que, por sinal, hoje sedia o Centro de Cultura Jornalista Francisco José Frantz, ela foi transportada até a tipografia, três quadras acima, na Ramiro Barcelos, onde atualmente fica a agência da Sicredi. Nas ruas, recorda, as pessoas paravam para ver a movimentação. “Chegando até a entrada do estreito corredor que levava à tipografia lá nos fundos, um mar de gente já se aglomerava para assistir e saber se iam conseguir passar com a máquina. Eu também estava lá. Foi emocionante, e deu tudo certo”, descreve.
Para Francisco Frantz, além de qualificar o jornal, a nova impressora representou uma oportunidade de crescimento. Com a ajuda de acionistas e colaboradores, a empresa foi crescendo, ampliou a tiragem, mudou de sede, diversificou o conteúdo e chegou cada vez mais longe. Conforme a escritora, que desde a primeira edição acompanha a Gazeta, tudo isso é resultado do comprometimento de Francisco, que sempre teve o apoio da esposa Nelly, companheira e parceira de todas as horas. “A semente germinou, a plantinha cresceu, foi vencendo as adversidades e continua cada vez mais robusta”, escreveu Moina, em homenagem ao tio.
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