Fazem mais ou menos 4 meses que a minha viagem de volta ao mundo acabou. Que decidi voltar para a minha cidade natal e recomeçar a vida por aqui. Desde então não escrevi aqui na minha coluna. Não consegui. Não tinha vontade. Me respeitei. Precisava descansar, colocar a minha vida e a minha cabeça em ordem. Entender e processar tudo o que havia vivido nestes quase dois anos em que fui nômade por opção.
A minha “Coach” de viagens, Carol Fernandes, sempre me disse que não seria fácil voltar. Mas como sempre eu a subestimei: “Mas Carol…Eu quero voltar…Eu estou decidindo por isso…Está sendo uma escolha minha…”. E ainda assim ela me dizia: “Independentemente disso, não será fácil. Escuta o que eu estou te dizendo”. Hoje entendo melhor a que ela se referia.
Mais centrada e analisando friamente as coisas, consigo fazer uma leitura do sentimento que tive e ainda tenho algumas vezes, mas que não conseguia explicar. Eu não estava conseguindo me adaptar, mas ao mesmo tempo sentia que já estava adaptada. Eu não achava graça em muitas coisas, achava que a minha vida tinha se tornado medíocre e monótona e ao mesmo tempo achava graça em coisas que jamais imaginei achar. Eu gostava da minha nova rotina mas ao mesmo tempo esperava mais dela. Eu sentia que muitos dos meus amigos já não eram os mesmos e alguns deles na verdade já nem eram mais meus amigos. Por outro lado, tinha ganhado amigos novos e muito especiais. Eu tinha a sensação de que mesmo estando tudo em seu devido lugar, algo me faltava. Eu me sentia muitas vezes literalmente um peixe fora d’água.
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Entendi com o tempo que esta seria uma sensação normal a partir de agora. Que eu estava há 4 anos longe daqui. Que durante estes anos eu tinha vivido muita coisa, de uma forma muito intensa. Que tinha conhecido mais de 30 países, pessoas e lugares novos a cada dia. Que cada lugar e pessoa tinha me ensinado algo, que eu tinha me submetido a coisas novas e diferentes todos os dias, que tinha me desafiado, que tinha me reinventado, que na verdade quem já não era mais a mesma era eu. Me dei conta de que as coisas jamais seriam iguais a quando eu parti. Que este conflito interno que eu percebia mas não conseguia entender era na verdade o meu novo eu tentando se adaptar a uma nova realidade, pessoas e cidade, porque tudo aqui também já não era igual.
Mais uma vez aprendi. Aprendi que a vida é feita de fases. E que nenhuma fase será igual a outra. Mas que cada uma delas terá seus encantos e desencantos. Que a água de um rio nunca mais passará pelo mesmo lugar que passou. Que a vida segue. Que as pessoas seguem as suas vidas, você estando ou não nelas. Que algumas coisas que eu gostaria que estivessem iguais já não estão, mas que em compensação existem muita coisas novas e ainda melhores por aqui. E esta é justamente a mágica da vida. Aprendi, principalmente, que um pássaro que lança voo jamais se sentirá o mesmo enquanto estiver em terra firme. Que mesmo tendo decidido pousar, ele estará sempre esperando pelo seu próximo voo.
Beijos meus queridos leitores. Estou de volta à Santinha.
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