Encanta-me o caso de Monte Alverne. Lugar lindo, caprichado, tem até um hospital e não se emancipou de Santa Cruz. Sobre os que dessa região se emanciparam não tenho dados para avaliar.
Gostaria, no entanto, de referir constatações que tive em lugares que talvez vocês não conheçam.
Minha mulher foi, por dois anos, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ile de France. Conheci, junto com ela, inúmeros municípios.
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Em alguns a única fonte de empregos era a Prefeitura. Também constatei que em muitos desses estão inscritos eleitores que não moram mais lá. Assim se mascara a real população daquele lugar.
Em muitos pequenos municípios, as compras de víveres eram feitas na cidade-mãe; assim como roupas, aparelhos eletrônicos etc. A maioria desses locais só tinha o ensino fundamental, mas os professores vinham da cidade-mãe. Frequentar curso superior, só na cidade-mãe. Em nenhum desses locais havia hospital. No máximo, um posto de saúde. Diariamente uma van da prefeitura levava pacientes ou para a cidade-mãe, ou para grandes cidades, inclusive Porto Alegre. Por sinal, observem um dia em que forem à Capital: cheio de vans perto da Santa Casa e de inúmeros hospitais. Algumas lá no Gasômetro. Tudo com adesivos de pequenos municípios.
Acho graça quando passo na frente da Assembleia. Inúmeros automóveis das pequenas prefeituras trazendo as rainhas e princesas para “ promoverem” seus eventos (aos quais ninguém da Capital jamais irá).
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Em plena época da otimização dos recursos financeiros em todas as atividades, me surpreendeu que pequenos municípios adquiriam maquinário caro, quando seria muito mais barato terceirizar, não se incomodando com revisões, manutenção e muito menos mão de obra com todos os ônus do serviço público. Não é preciso ter uma serra elétrica para cortar uma unha.
Um dia fui convidado para assistir a uma feira de ovinos. Estava curioso para saber quais as raças preponderantes. Lá não havia hotel nem pensão. Havia cerca de dez expositores e um total de 200 ovinos, número ínfimo até para um único criador. Ovinos de sofrível qualidade. Soube que na véspera fora organizado um baile, tendo a municipalidade contratado e pago um conjunto para o fandango. Não havia interessados de fora na hora do remate, de sorte que quase todos voltaram para casa com seus bichinhos.
Enfim, sou meio cético por causa da dispendiosa estrutura pública da maioria desses pequenos entes que gastam mal. Claro que há exceções honrosas.
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Administrando assim, como a maioria, um empresário do setor privado já estaria quebrado. É ou não?
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