Colunistas

Sobre pecuária

Amigos me indagam como cheguei a ser pecuarista.

Sou natural de Santa Cruz do Sul. Meu pai era comerciante. Desde cedo ele me chamava para, nas horas livres, o ajudar. Isso foi importante na minha vida, pois vi como o comércio tem suas regras. Meu pai era muito bonachão, vendia muitas coisas no “fiado” e depois não recebia. Apesar das advertências da minha mãe, a falência foi inevitável.

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Concluí, então, que na vida se deve aprender a dizer “não”. Caridade é uma coisa; negócios são outra.
Tive que me virar sozinho e aos 17 anos fui morar numa pensão em Porto Alegre, onde me matriculei no 3º ano do Clássico no Colégio Júlio de Castilhos, que era gratuito. Trabalhava de dia e estudava de noite.
Fiz o vestibular de Direito na Ufrgs em 1965 e fui aprovado.

No quarto ano da faculdade, fiz concurso para delegado de Polícia e aos 22 anos fui aprovado após fazer a Escola de Polícia, sendo classificado em 1º lugar.

Em 1969 me formei, pedi demissão do cargo de Delegado e fui advogar. Dois anos depois fiz concurso para Juiz de Direito e fui aprovado.

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Fiquei um ano em Horizontina e um em Arroio do Meio.

Santiago estava sem juiz há dois anos. O presidente do Tribunal de Justiça me pediu que aceitasse promoção para Santiago. Assumi em l974. Tudo era novo para mim. Não sabia distinguir entre um cavalo e uma vaca.

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Passei por outras comarcas, fui subindo na carreira até que cheguei a desembargador. Terminado meu tempo, voltei a advogar em Porto Alegre.

Conheci minha esposa Maristela, natural de Santiago, mas trabalhando no Tribunal de Justiça.

Isso nos fez visitar amiúde seus pais. Seu pai sabia muito de pecuária.

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Pronto: passei a comprar lotes de campos (sempre contíguos).

Como a advocacia me dava bons frutos, passamos a intensificar a pecuária.

Um dia fui convidado para ser o presidente do Sindicato Rural de Santiago, o que aceitei com muito orgulho.

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Sucedeu que, naquelas épocas conturbadas, parte dos associados achavam que deveríamos fechar estradas em sinal de protestos de diversas ordens.

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Conversei com os colegas e se decidiu que não faríamos protestos que prejudicassem o livre trânsito.
Estando eu em Bagé, numa feira, fiquei sabendo que parte dos companheiros tinham fechado a estrada.
Com razão ou sem razão, achei que não tinha mais o apoio da maioria dos colegas.

Renunciei ao cargo de presidente, mas prossegui como amigo de todos e sempre defendendo os interesses do agro.

Continuei, no entanto, com nossa fazenda que sempre melhora e assim vai ser até que eu seja chamado por Deus para a última morada.

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