Categories: Ruy Gessinger

Sobre os animais III

E os cavalos, quando se aproximam da velhice? Esse é um problema para quem mora na campanha e ama os cavalos. Por vezes passa um caminhão pelas fazendas reculutando cavalos que não servem mais para a lida. Pagam uma ninharia e se diz que vão para fazer salame. Pois é, um cavalo é um animal que pasta, tem que vacinar, essas coisas. Entendo os que vendem os idosos  “para salame”. Da minha parte, que não estou apertado, deixo esses numa invernada com boas aguadas, algum mato frondoso para se abrigar, mas faço questão de que fiquem acompanhados de cavalos e éguas jovens, em período de folga, para que contem seus causos. E quando a chama votiva desses valorosos seres começar a se extinguir, que sigam para o céu dos bichos tendo um final que não seja o matadouro.

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A região da campanha é louca por cavalos. Portanto, quando vem uma criança me pedir um, pergunto se aceita um matungo meio velho para passear, sem muito retoço. Então dou o cavalo idoso para a criança ter uma bela companhia.
Os cavalos inteiros, os “culhudos”, esses são um perigo e é necessário muita cautela. Ao verem uma égua no cio é aquele alarme.

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Outro problema com cavalos é quando fraturam, num galope, um membro. Aí não tem jeito a não ser a eutanásia através de um veterinário.

Os bovinos são um caso à parte. Quase todos os terneiros machos são castrados ao atingirem determinada idade. Menos os que são vendidos para o mundo árabe. Com efeito, não é razoável que um macho comum, sem “pedigree”, cubra uma fêmea. Para isso existem os touros selecionados, a inseminação artificial ou a transferência de embrião. A monta natural das fêmeas dá-se hoje quase só quando do repasse das inseminadas. Uma amiga um dia me disse: “mas bah, uma novilha, depois vaca, ter tido vários filhos sem nunca ter tido uma cópula normal?”. Pois é, muita gente no mundo está reclamando, dizendo que assim se nega o bem-estar animal. Aqui entre nós, o touro faz uns carinhos rápidos, salta em cima da novilha, não dura mais do que um minuto, sai de cima e vai cuidar da vida. Mas creio que deve ser idílico para os dois, conquanto a relação tenha durado o que dura um lírio.

Nos bovinos, a relação forte mesmo é entre a matriz e seu rebento. Chega uma hora e é preciso desmamar os terneiros e os retirar de perto das mães. Minha nossa, a choradeira é grande, de ambos os lados. Muito vi vacas saltarem cercas e cercas até chegarem aonde estavam os terneiros. Mas depois de uma semana as mães se acalmam, encontram um touro amoroso, engravidam de novo e a vida segue.

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(continua)

 

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