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RUDOLF GENRO GESSINGER

Sobre o Natal

Há 17 séculos se comemora o Natal. Não há nada de errado em haver um dia de grande festa da religião, seja ela qual for. As crianças aprendem que o pretexto do Natal é comemorar o nascimento de Jesus Cristo, que, junto com Sócrates, foi um dos homens mais revolucionários de toda a história ocidental. Mesmo quando criança, eu sempre tive dificuldade de enxergar a tal “magia do Natal”. O que eu noto é que o pretexto está cada vez mais distante do propósito da celebração.

O Natal é um feriado perfeitamente capitalista. As comilanças, a histeria das pessoas comprando presentes, as cidades e as casas cheias de luzes me parecem carregar ideais bem diferentes dos que fundam o Cristianismo. Jesus Cristo ficaria desapontado com a humanidade se pudesse caminhar no meio do Natal Luz de Gramado. A festa deveria ser para ele, mas a figura central é o Papai Noel, figura que, essa sim, todo mundo sabe que nunca existiu.

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24 de dezembro é o dia do Papai Noel. De noite se come peru e se entregam os presentes que ficam embaixo da árvore de Natal. É a noite feliz do feriado, com o trocadilho infame típico do humor estadunidense.

25 de dezembro é o dia que, em tese, nasceu Jesus Cristo. Entretanto, não há mais comemoração alguma a ser feita. Quando muito, um churrasco ao meio-dia, como normalmente se faz em qualquer domingo ao longo do ano.

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A véspera é mais importante que o dia do Natal; Papai Noel ganha mais destaque que Jesus Cristo. Essas incongruências me tornaram cético em relação ao espírito natalino, que para mim é só uma balela capitalista.

Aprofundando a crítica, Jesus Cristo provavelmente choraria de pavor ao ver os luxos do Vaticano concomitantes com a fome encolhendo vidas ao redor do mundo. Enquanto feriado do Cristianismo, a Páscoa me parece bem mais coerente. Nela são importantes o silêncio, o jejum e o vinho. Fundamentalmente, reflete-se melhor sobre as ideias que Jesus Cristo quis passar.

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Mesmo assim, a Páscoa também tem um viés altamente consumista no que tange à comercialização de chocolates, o que certamente não fazia parte do cotidiano das pessoas que viviam na Judeia há 2 mil anos. Uma breve digressão: não sou contra o capitalismo, muito pelo contrário. Creio que todas as coisas têm seu preço, menos as que não valem nada.

Finalizando, queria desejar Feliz Natal para quem se juntar com seus familiares e amigos para com eles viver momentos gostosos de convívio e de harmonia. Para quem concordar com as minhas ideias, que sejam dois dias não tão amargos. E que entre um 2025 de bons negócios e sem calamidades climáticas.

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