Ainda não está tudo no lugar. Aliás, a minha lavadora de roupas, que já tem lá seus vinte e poucos anos de uso, está me dando trabalho. Ou melhor: não está fazendo o próprio trabalho. A questão é que a máquina é, na verdade, da vó, mas como não estava em uso, ela me deu. “Uma coisa a menos para comprar”, ponderamos. Só que o tiro saiu pela culatra, é claro. O negócio resolveu pifar e não poder contar com ele tem sido um empecilho desde que me mudei para Santa Cruz. É por essas e outras que a maioria das pessoas não gosta de mudanças.
Apesar da chateação demonstrada nesse primeiro parágrafo, faço parte da minoria. Dizer que adoro mudanças seria exagero, mas aprendi que elas são necessárias e, mais que isso, benéficas. Tenho uma personalidade que gosta do movimento constante, nada de mesmice, quanto mais novidade melhor. Talvez venha daí a simpatia por mudanças. Por mais que seja muito chato encaixotar e desencaixotar coisas, é valioso encontrar o batom favorito perdido na gaveta.
Mas a minha parte favorita é jogar fora, confesso. Sem medo, sem culpa, olhar para aquela coleção de caixas guardadas para serem usadas em algum momento que nunca surgiu e, simplesmente, desapegar. É uma boa oportunidade para rever, inclusive, o estilo, e abandonar as roupas e sapatos que já não nos representam mais. Em resumo, mudança, para mim, é isso: se preparar para o que vem por aí. Isso pode incluir processos de organização, limpeza, abrir mão…
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E assim como uma mudança de lugar, a “mudança interna” também é um movimento difícil, muitas vezes lento, capaz de proporcionar momentos de dor e prazer. O sistema é semelhante: deixar de lado sentimentos que já não servem, reencontrar propósitos que se perderam e conquistar um novo espaço. O nosso espaço, reservado para cada um de nós. É por isso que é bom mudar, afinal, “em todo lugar que eu vou, eu estou”. O que quero dizer é que não dá para fugir do que somos, a menos que a gente mude – de dentro para fora.
Nessa quinta-feira, 2, comemorei quatro anos da formatura em Jornalismo, pela Unisc. Foi um marco importante e que me fez refletir sobre quantas mudanças vivi desde então. Somente cidades, foram três diferentes nesse período. Para além da mudança de lugar, no entanto, esse tempo foi marcado por uma transformação profunda da minha relação com coisas sobre as quais se fala pouco, como sucesso e fracasso, e, ainda, do meu posicionamento perante a profissão e o mundo.
Sem dúvidas, eu já não sou a mesma mulher que, há quatro anos, foi oradora da turma, que era repórter da Gazeta do Sul, que morava com os pais em Candelária. Através de um processo árduo e lento, como em toda mudança, encaixotei ilusões, coloquei outros sonhos nas prateleiras, abri mão de hábitos desnecessários, encontrei um novo estilo de vida. Conquistei o espaço que eu mereço. Foi um verdadeiro aprendizado.
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É por isso que gosto de mudanças. Dá um trabalho danado e nos coloca vulneráveis a coisas que nem sempre é possível controlar. É desafiador! Mas no final vale a pena – mesmo quando a máquina de lavar não funciona.
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