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LISSI BENDER

Sobre hospitalidade alemã e Oktoberfest

Pretzel

No passado se ouvia em Santa Cruz pessoas considerarem os santa-cruzenses muito fechados. Muito depois, convivendo com alemães na Alemanha, também os considerei muito fechados. No entanto, à medida que foram me conhecendo melhor, foram abrindo seu sorriso e seu lar para mim. Eles me fizeram entender a diferença entre conhecidos de vista e de chapéu e amigos. Lá continua muito claro a diferença entre o formal e o informal – inclusive no tratamento.

Contou-me um estudante, conhecido meu, em estudos na Alemanha, que na universidade não teve dificuldade para se enturmar com colegas e saírem juntos em finais de semana. Certo dia, ele deu de cara com um seu colega alemão no ambiente de trabalho dele. O brasileiro o foi cumprimentando calorosamente e com um largo sorriso. Mas o colega alemão permaneceu sério. Do tipo, “Was kann ich für Sie tun? – Em que posso lhe servir?” – “Oh Mann, kennst’ mich nicht mehr? – Bah cara, não me conhece mais?” Aí o colega alemão explicou: “Desculpa, mas aqui estou em meu local de trabalho”.

Essa seriedade e distanciamento, por vezes, nos confundem, quando não conhecemos a cultura do outro. Mas querem maior prova de que os alemães são abertos e receptivos do que a Oktoberfest de München? Desde 1912 soa na festa, ano após ano, a famosa canção “Prosit der Gemütlichkeit”. Sua origem é bem mais antiga, mas é bem emblemática para a convivência descontraída e se estabeleceu como um brinde à hospitalidade dos alemães.

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Essa Gastlichkeit/hospitalidade tem sua representação máxima na maior festa popular do mundo – a Oktoberfest. Num espaço que corresponde a 48 campos de futebol, recepcionam anualmente mais de 6 milhões de pessoas de diferentes partes do mundo.

Durante duas semanas os convivas celebram com muita Blasmusik – música com instrumentos de sopro; Lieder – canções; Bier – cerveja servida em canecos de vidro de um litro; e pães Brezn – como dizem os bávaros para Brezeln. Aliás, esse delicioso pãozinho é um tantinho diferente na Bavária daquele que conheci em Baden-Württemberg, para além da denominação e da consistência. Nas fotos você pode observar diferenças no feitio. Além dessas e outras iguarias, são consumidos em torno de 59.000 Schweinshaxen – joelho de porco assado – delícia que também pode ser degustada no Biergarden de Santa Cruz, na Floriano; 120 mil Paar Schweinswürste – pares de linguiça de porco; e 510 mil Hendel – frangos assados. Durante duas semanas, a festa se inicia pela manhã e se encerra às 23h30, quando fecham os barris e a música para de tocar.

Fora da Alemanha, Brasil e Canadá celebram as maiores Oktoberfests. No Brasil, a maior é a de Blumenau. Aqui em Santa Cruz, também a celebramos e com justo merecimento. Nossa região ocupa lugar perene na história da imigração alemã no RS. Inaugurou a segunda fase e se tornou lar para milhares de alemães.

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Estamos em meio à 38ª edição e você é nosso convidado. Venha vivenciar e conferir tudo o que a Oktoberfest oferece de elementos germânicos, isto é, como a Alemanha se faz nela presente – e o que da herança cultural alemã santa-cruzense é celebrado em nossa festa, considerada a maior festa germânica do Rio Grande do Sul. Sei willkommen! Seja bem-vindo!

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