Durante muito tempo tive um programa de rádio na Pampa, em Porto Alegre, aos domingos, das 7 às 9h30 da manhã. Como na Gaúcha havia um programa gauchesco e nativista, eu fui para um “talk and news”. E só rodava, nos intervalos, trechos mais fáceis de música erudita ou de popular de qualidade. Não convidava ninguém para o estúdio, entrevistava por telefone. Era “upa e teve”, nada de arrastar. Cinco minutos e dava tchau. Um dos meus entrevistados certos era o Heitor Schuch. O povo de Porto Alegre adorava aquele sotaque alemão e, melhor ainda, quando falávamos um pouco em “hunsrück”. Foi uma revolução. Dava a previsão do tempo, lia as manchetes dos sites. Sucesso total. Depois de cinco anos parei porque a fazenda exigia meus cuidados. Heitor fazia sucesso porque falava em plantas, colheitas, essas coisas que o povo adora. Mereceu ser reeleito.
Quando casei com Maristela e fui crescendo na pecuária, conheci o Luiz Carlos Heinze. Ele nasceu em Candelária, mas fez a vida na região campeira. Foi prefeito de São Borja e passou a se projetar como defensor dos produtores rurais.
Me permitam lembrar que o leite não sai de uma fábrica, que a carne não se cria no açougue, que o trigo não nasce no supermercado. Não sei se vocês já se lembraram: se passarmos cinco dias sem beber água, morremos; se passarmos um mês sem comer, mesma coisa. Podemos voltar ao tempo da mera colheita de frutos silvestres e caçando ou pescando? Daí que a agricultura é o esteio da humanidade. Sem comida, nada feito.
Ocorre que muitos pensam que o Estado gera riquezas. Errado: o Estado é sustentado pelas riquezas dos que produzem. Simples assim. Heinze percebeu que nós agricultores éramos deixados para trás (quando dá um temporal somos os primeiros a ficar sem energia elétrica e os últimos a ser atendidos). Heinze vai cumprir um papel muito importante no Senado. Ele tem as mãos calejadas, sabe o que é viver em sobressalto por causa das secas ou das enchentes. Os da cidade podem pedir auxílio da polícia na hora de um problema. Nós estamos sozinhos, sem poder ao menos portar uma arma.
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Voltando à Expointer. Sempre sou convidado pela TV Pampa a participar das transmissões. Um rapaz novo adentrou o estúdio. Muito fino, educado, mas principalmente articulado. Eduardo Leite seu nome. Tinha sido prefeito de Pelotas. É um cara diferenciado. Tem 33 anos, não sei ainda se terá a experiência suficiente para assumir o governo do Estado. Enquanto o Gringo declarou logo seu apoio para presidente, o jovem demorou um pouquinho. Vai ser linda essa peleia.
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