A primavera começa nesta quarta-feira, 22, às 16h21, com perspectiva de menos chuvas na região Sul por causa do La Niña. O fenômeno é caracterizado por ventos subtropicais mais intensos, que desviam frentes frias para o Atlântico. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a previsão não descarta a ocorrência de eventos expressivos de chuva nas áreas do Sul do Brasil. No entanto, o possível desenvolvimento e atuação do La Niña poderão gerar condições de déficit de precipitação no final do trimestre.
Para a meteorologista Patrícia Diehl Madeira, há 90% de chances de o La Niña ser mais fraco e de curta duração. “Não há uma grande favorabilidade para chuvas, no Sul, devido ao La Niña; e no Sudeste por causa do Atlântico mais aquecido”, afirma.
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Segundo as informações da meteorologista Desirée Brandt, a chuva deve ficar abaixo da média histórica no Sul do Brasil, embora a região já tenha recebido boas quantidades de chuva em alguns estados. “A partir do decorrer de outubro, conforme o mês for passando, vamos ver também os volumes de chuva aumentando por todo o interior do Brasil. Bem diferente do que aconteceu no ano passado”, explica Brandt. A expectativa para o plantio da safra 2021/22 é melhor em relação ao retorno da umidade, mesmo com a previsão de um La Niña a caminho.
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A MetSul Meteorologia aponta que, apesar da grande maioria das estiagens no Sul terem ocorrido sob neutralidade ou La Niña, a maior seca do Rio Grande do Sul neste século, em 2005, deu-se com o Pacífico Equatorial oficialmente numa condição de El Niño. Da mesma forma, já houve muitos meses bastante chuvosos e até enchentes durante episódios de La Niña.
No prognóstico do meteorologista Flávio Varone, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, para outubro, as precipitações deverão se manter perto da média na maioria das regiões, com valores ligeiramente acima da normalidade na faixa Noroeste.
Nos meses de novembro e dezembro, o prognóstico indica a redução da chuva em todo o Estado. A previsão trimestral também indica temperaturas, mínimas e máximas, abaixo da média nos meses de outubro e novembro, com elevação dos valores em dezembro.
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Estimativas indicam alta de produção só do milho
A Emater/RS-Ascar divulgou uma estimativa inicial para a safra de verão, com dados obtidos entre 9 e 21 de agosto. Para o arroz, há uma perspectiva de redução mínima na área plantada, mas uma queda de 8,16% na produtividade média e 8,61% na produção total, de 8,2 milhões de toneladas para 7,5 milhões de toneladas.
Já no milho, a área plantada deve subir 6,89%, com elevação da produtividade média para 29,59% e produção total com alta de 39,23%, saindo de 4,3 milhões de toneladas para 6,1 milhões de toneladas. Para o milho silagem, a produtividade média deve subir 29,93% e a produção total terá alta de 30,06% – de 10,1 milhões de toneladas para 13,2 milhões de toneladas.
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Já no caso da soja, a área plantada terá acréscimo de 3,62%, mas a produtividade média deverá ter queda de 5,68%, enquanto a produção total despenca 2,26%, de 20,4 milhões para 19,9 milhões de toneladas. No tabaco, a Afubra divulgou uma produção de 628.489 toneladas na safra 2020/21. A estimativa para a próxima safra será divulgada no fim de outubro. Contudo, já há uma projeção de queda, na faixa dos 10%. A pesquisa para o custo de produção também está em andamento. O preço médio pago por quilo ao produtor subiu 21,7% no Estado.
Cuidados na lavoura
O pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja, acredita não ser necessariamente correto associar a presença de El Niño ou La Niña à produtividade de grãos. Para o especialista, a chave está no bom manejo do solo e na melhora da capacidade de armazenamento de água. “Na safra 2019/2020, por exemplo, não tivemos La Niña, mas o Rio Grande do Sul experimentou uma violenta perda produtiva devido à seca. Acho que esses momentos de deficiência hídrica e temperaturas elevadas ‘fora de época’ estão se tornando cada vez mais frequentes, e isso exige que o produtor se previna para não ver toda a sua área perdida”, destaca.
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