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estiagem

Situação já é dramática nas áreas com arroz

Foto: Rafaelly Machado

Sem água há muitos dias, terra onde foi semeado o arroz apresenta rachaduras

Um dos mais frequentes produtos na mesa dos brasileiros, o arroz tem motivado preocupação dos produtores da região. Dois motivos justificam a luz de alerta para quem planta. Primeiro, foi o sensível aumento do custo da lavoura, com reajustes chegando a 400% em determinados insumos. O outro inconveniente é climático. A falta de chuva pode representar perdas em 35% da área semeada.

A preocupação foi apontada por José Fernando de Andrade, engenheiro agrônomo responsável pelo Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates) Candelária do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), em entrevista ao comunicador Rosemar Santos, na Rádio Gazeta FM 107,9. Contabiliza que, na área de atuação do escritório que dirige, envolvendo oito municípios, são mais de 15 mil hectares de arroz irrigado semeado. E o período é crítico para as plantas que estão em estágio reprodutivo, que é quando precisam de mais água.

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“As últimas chuvas chegaram a algo em torno de 30 a 40 milímetros. Foram insuficientes para reabastecer os mananciais. Se não tivermos precipitações substanciais, com 80 milímetros, nos próximos dias, os prejuízos serão altos”, afirmou. Andrade qualifica a situação como dramática, citando exemplos como o Arroio Botucaraí e o Rio Pardo. “Se chover na divisão da Região Central com o Planalto, os arroios já serão abastecidos, amenizando o problema.”

Apesar de ser algo que foge ao controle dos produtores, o engenheiro agrônomo reforça que uma forma de amenizar é cogitada há mais de 50 anos, mas não teria sido colocada em prática. “Viemos chamando a atenção para a construção de pequenas centrais hidrelétricas para regular esses arroios. Teríamos que pensar em política de recursos hídricos a médio e longo prazo, a ponto de evitar que tenhamos que interromper o fornecimento para nossas lavouras”, explicou.

De acordo com Andrade, sem a geração de danos ambientais, é possível instalar limitadores, como eclusas ou barragens, que têm estudos há mais de cinco décadas, para fazer a reserva de água no período em que há grande precipitação pluviométrica. Cita o Rio Jacuí como exemplo positivo. “Por que não pensar, a médio e longo prazo? Temos arroios e sangas, oito a dez cursos de água que poderiam ter acúmulo durante o período de abundância, como no inverno”, reforçou.

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O profissional acredita que a situação, que se repete com frequência, seria um motivador para a troca de cultura entre os orizicultores ou, até mesmo, o êxodo rural.

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Redução de plantio e aumento do custo

Na área de atuação do Nates Rio Pardo, a orizicultura ocupa 13,1 mil hectares. O número apresenta uma redução de 2% em relação ao que foi plantado em 2020. A queda foi em Rio Pardo, baixando de 8,5 mil para 8,1 mil hectares. Ao mesmo tempo, Pantano Grande ampliou de 4,2 mil para 4,35 mil e Passo do Sobrado, de 600 para 650 hectares.

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O engenheiro agrônomo responsável pelo núcleo, Ricardo Tatsch, destaca que a variação não chega a representar uma tendência. “Basicamente, são cortes dos produtores, algo de momento”, explica. Sobre a falta de água, conta que se estima problemas em 1,5 mil hectares de arroz que estão entrando em estágio reprodutivo.

Tatsch espera que se confirme a chuva prevista para o próximo domingo, o que vem auxiliar as plantas. Isso pode representar resultados menos ruins na colheita, que inicia em meados de fevereiro, com maior volume de março em diante.

A preocupação com a estiagem é reforçada com a questão do aumento do custeio da plantação. O engenheiro agrônomo destaca a elevação dos insumos entre 300% e 400% em relação à safra passada. “O preço da saca baixou de R$ 90,00 para menos de R$ 60,00. Se seguirem esses patamares, muitos terão prejuízos expressivos”, alerta.

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Prejuízo pode ser incalculável

Morador de Linha Seival, Marcelo Aloísio Rabuske vê com preocupação os 50 hectares da lavoura de arroz – soma 160 com outras áreas arrendadas. Primeiro porque, mesmo sendo área de várzea, próximo ao Rio Taquari Mirim, já percebe rachaduras no solo, entre as plantas, como consequência da falta de chuva. “Nesta parte, quando plantamos, entre setembro e outubro, tinha 40 centímetros de lodo. Nós não tiramos a água e agora, está assim, com rachaduras na terra”, lamenta.

O produtor espera que as previsões meteorológicas dos próximos dias estejam equivocadas e que possa chover, pelo menos, 80 milímetros, mantendo uma sequência de dias úmidos. “Se isso não acontecer, nem tem como calcular o que vai dar de prejuízo, porque a tendência é não colher nada nessa área”, prevê. Como solução imediata, está direcionando a água de um açude da propriedade para a plantação, com a ciência de que não tem efeito duradouro.

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O outro inconveniente do ano é o aumento do custo da produção. Mesmo que conseguisse a produtividade ideal para a área, com 150 a 200 sacas por hectare, Rabuske contabiliza que, no máximo, conseguiria equilibrar despesas e receita. Exemplifica que no ano passado o hectare semeado custava R$ 8 mil, com os insumos a R$ 80,00. Agora, ultrapassam R$ 350,00. Para piorar a situação, o arroz, que chegou a ser vendido a R$ 110,00 a saca, baixou para R$ 60,00.

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O produtor queixa-se que nem abandonar o meio rural é possível, porque existe um comprometimento financeiro grande com os bancos, quando foi feita a aquisição de implementos agrícolas para a colheita. “Não tem como sair. É um investimento para cerca de dez anos”, explica. Acredita que apenas um seguro com mais garantia de suporte em situações como a que se apresenta nesta safra, repetindo a da 2019/20, poderia servir como alento para o setor. “As pessoas não entendem que aqui não é como uma empresa, que define o valor de seu produto de acordo com as planilhas de custo. A gente faz a colheita e dizem o quanto querem pagar por nosso produto”, ressalta.

Vice-governador acompanha ministra nesta quarta-feira

O vice-governador Ranolfo Vieira Júnior acompanhará nesta quarta-feira, 12, o roteiro da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, no Rio Grande do Sul. No Estado, ela visitará Santo Ângelo, um dos municípios atingidos pela estiagem.

A ministra deverá chegar ao aeroporto de Santo Ângelo às 8h30, sendo recepcionada por Ranolfo e pela secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Silvana Covatti. A partir das 10h30, o vice-governador, a ministra e a secretária participarão de uma reunião com líderes locais no auditório da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI).

Nesta quarta e na quinta, Tereza Cristina visitará propriedades afetadas pela estiagem nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. Depois dos compromissos no Rio Grande do Sul, ela seguirá para Chapecó (SC) e depois Cascavel (PR) e Ponta Porã (MS).

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