O regime sírio retomou os bombardeios contra as áreas ainda mantidas por rebeldes de Alepo nesta quarta-feira, segundo moradores. Com isso, a população local viu terminar uma rara noite de calma, após um acordo de retirada fechado no dia anterior, mas que já não era respeitado.
Os combatentes de uma milícia iraniana aliada do regime sírio fizeram recuar cinco ônibus que retiravam pessoas de bairros oposicionistas na manhã desta quarta-feira, disseram líderes rebeldes. A retirada poderia ser um primeiro passo na implementação mais ampla do acordo de trégua fechado entre Turquia e Rússia. Com o avanço sobre Alepo, o regime sírio pode voltar a ter total controle da cidade pela primeira vez desde 2012.
O Ministério da Defesa russo culpou rebeldes por atrapalharem a retirada ao disparar contra os ônibus. Em comunicado, o ministério disse que os rebeldes oposicionistas usavam o cessar-fogo como uma maneira de se reagrupar e recomeçar suas operações militares, tentando romper as posições militares sírias. A nota dizia que o ataque foi repelido e que as forças do governo sírio continuavam a operar nos distritos ainda sob controle dos rebeldes.
Publicidade
A volta dos confrontos e o atraso na retirada geram mais incerteza sobre o futuro de milhares de civis ainda presos na área controlada pelos rebeldes de Alepo. Membro de um grupo de defesa civil, Ibrahim disse que os civis “estão perdendo a esperança”. Segundo ele, os novos ataques deixaram 40 feridos.
O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, acusou o regime sírio de atrapalhar os planos de retirada, mas não disse que o cessar-fogo acabou. Moradores pedem intervenção da comunidade internacional para se evitar mais mortes de civis nas mãos do regime e da Rússia. Na terça-feira, a Organização das Nações Unidas e vários grupos contrários ao regime sírio reportaram que houve pelo menos 80 civis executados por soldados sírios.
A Rússia é o principal apoiador do regime desde que Moscou interveio diretamente no país em setembro de 2015. O Irã, porém, também é um aliado crucial, ao enviar assessores militares e combatentes para lutar ao lado do regime. Milhares de milicianos estrangeiros participaram da batalha por Alepo, entre eles muitos do Iraque e do movimento xiita libanês do Hezbollah.
Publicidade
Moradores de Alepo disseram que a rota de retirada para os civis passa por um posto de controle sob comando dos iranianos, no qual os ônibus estão sendo obrigados a voltar à cidade. Autoridades do Irã não comentaram a acusação. Fonte: Associated Press.