No dia 30 de abril de 2024, as imagens de destruição provocadas pela enchente em Sinimbu circularam por todo o País. A prefeita Sandra Backes publicou, no dia seguinte à tragédia, um vídeo nas redes sociais descrevendo a situação. “A cidade está acabada, a rede de luz que abastece a cidade no chão, um cenário muito triste”, disse.
Conforme o levantamento da Prefeitura, a devastação no Centro foi total. O comércio ficou desabastecido, com supermercados e farmácias fechados. O atendimento público também ficou comprometido, sem atendimento nos postos de saúde.
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Passados três meses, é visível a recuperação. Os moradores dedicam-se a se reerguer e seguir com suas vidas após a tragédia. No entanto, um fato é claro: as marcas da catástrofe climática permanecem presentes em Sinimbu. No coração do município, parte dos estabelecimentos instalados na beira do rio estão fechados por tapumes. Há dúvida de quando estarão abertos novamente.
E mesmo após a força-tarefa para limpar a cidade, os sinais da destruição continuam. Em alguns locais, postes danificados, escombros e casas parcialmente destruídas dão a impressão de que o dia 30 de abril não acabou. Para além das feridas visíveis, há aquelas presentes na memória de cada morador que testemunhou a enchente. Em meio à superação, resiste o medo de reviver o trauma novamente.
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Além do Centro de Sinimbu, as fortes correntezas causaram estragos em todo o interior. De acordo com a Prefeitura, as localidades mais afetadas foram Rio Pequeno, Alto Rio Pequeno, Linha Rio Grande e Marcondes.
Inicialmente, o município atuou para fornecer atendimento à saúde da população. Foram criados um hospital de campanha e espaço para a farmácia municipal junto à Comunidade Evangélica, assim como um alojamento para os desabrigados, e um centro de recebimento e distribuição de doações, essencial nos primeiros dias da catástrofe.
Para restabelecer o fornecimento de água, foi necessário reconstruir a rede em diferentes pontos do interior, já que o Centro é abastecido por poços artesianos localizados nessas áreas.
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Ainda em meados de maio, as aulas foram retomadas de forma gradativa. O transporte escolar passou por reorganização, conforme a liberação das estradas.
Em junho, os atendimentos no Posto de Saúde Central voltaram. Contudo, a estrutura segue em obras e deve ser concluída nos próximos dias.
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Segundo a Prefeitura, a Ponte Centenária teve a estrutura danificada e está sendo recuperada através de parceria com a iniciativa privada. Nas áreas mais afetadas, as estradas continuam a ser desobstruídas, com reparos para garantir a trafegabilidade. Vários quilômetros de vias precisaram ser reconstruídos.
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Em relação às pontes, todas foram cadastradas junto ao sistema do Governo federal. As estruturas de Rio Pequeno, Bismarck e Alto Sinimbu (CASC), conforme o município, estão licitadas e as obras devem iniciar em breve. Além disso, estão aprovados junto à Defesa Civil Nacional e devem ser licitadas nos próximos dias nas pontes em Alto Rio Pequeno 1, Alto Rio Pequeno 2 e Alto Rio Pequeno (Romaldo Fischer) e nos pontilhões em Rio Pequeno (Getúlio Waechter), Rio Pequeno (Dopke), Rio Pequeno (Cruzeiro), Alto Rio Pequeno (Alceu Bechert), Alto Rio Pequeno (Aldino Schulz) e em Rio Pequeno (Heitor Schulz).
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Nas localidades de Rio Pequeno e Linha Rio Grande estão sendo construídas pinguelas, por meio da Lei de Parceria das Pontes Pênseis. O município afirmou que segue em análise pelo Governo federal a construção da Ponte da Linha Marcondes.
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Nas demais localidades, já está licitada a extensão da Ponte de Linha Inverno e construção da Ponte de Linha Gamelão. Também foram aprovados pela Defesa Civil Nacional projetos para a Ponte Linha Desidério, Pontilhão em Gamelão (Pio XII) e Pontilhão em Linha Pintado. A Ponte de Cerro da Mula segue
com projeto em análise.
Também foi criado um programa emergencial para recuperação de lavouras. Foi proporcionado o ressarcimento de valores despendidos na contratação direta de serviços terceirizados de máquinas consideradas pesadas. Também foram implementadas a restauração do solo com uso de calcário e composto orgânico, assim como o incentivo à produção leiteira e de gado de corte, com auxílio para aquisição de ração, silagem e feno.
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Além disso, a Prefeitura trabalha para viabilizar, por meio dos programas do Governo federal, a aquisição de uma área e a construção de moradias para as famílias que tiveram residências destruídas ou interditadas. Ainda aderiu ao programa de desassoreamento do rio, no intuito de minimizar o impacto de novas cheias.
Passados 90 dias da enchente, os consumidores já voltaram a frequentar os estabelecimentos de Sinimbu. Para a vice-presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sinimbu (Cacis), Talita Wagner, o retorno da maioria das agências bancárias e os acessos provisórios instalados no interior possibilitam que os moradores cheguem até a cidade. Um dos desafios, no entanto, é manter os clientes no município. Para Talita, enquanto os acessos às localidades não forem totalmente restabelecidos, as pessoas vão se deslocar para outras cidades.
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O fato preocupa as proprietárias da Farmácia Sinimbu, Jaqueline Geske, de 36 anos, e Dulciane Haag, de 28. “Muitas pessoas que moram no interior acabam indo para outras cidades por causa da acessibilidade. Alguns demoram uma hora a mais do que o normal para chegar aqui”, relata Dulciane.
Depois que as obras forem concluídas, as duas acreditam que poderão retornar ao nível de negócios anterior às enchentes. Elas haviam adquirido o estabelecimento oito meses antes da catástrofe. “Ela estava como nós queríamos. E aí se foi tudo. Ficamos sem chão”, desabafa Jaqueline. A água chegou a dois metros dentro da farmácia, destruindo a vitrine e todo o estoque. O estabelecimento ficou 15 dias fechado; em maio, praticamente não tiveram faturamento.
Porém, não desistiram. “Não tínhamos sequer prateleiras, mas fomos reestruturando aos poucos”, conta a proprietária. Para as duas, no entanto, há uma vida antes e depois das enchentes. Com a nova, ainda estão aprendendo a lidar.
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Entre os estabelecimentos da Avenida General Flores da Cunha afetados está o Centro de Aviamentos Rachor. Há sete anos, o proprietário Mauro Rachor dedica-se para desenvolver a loja. No dia da enchente, o espaço estava cheio de mercadorias, de modo que a perda foi praticamente total. Equipamentos e maquinários também foram destruídos, obrigando o empreendedor a recomeçar.
O alarme instalado em cima da porta mostra a altura em que a água chegou, superando dois metros. “Foi uma cena de filme de terror. Desespero total”, desabafa.
Porém, passados três meses, o espaço está reconstruído, repleto de produtos para entender sua clientela. Para Rachor, é necessário que a comunidade valorize o comércio local, contribuindo para a retomada. Ele também espera que a administração municipal agilize as obras para possibilitar a volta à normalidade.
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