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Sinimbu terá culto em alemão nesta Sexta-feira Santa

A Igreja Evangélica da Confissão Luterana do Centro de Sinimbu terá na manhã desta Sexta-feira Santa a celebração de um culto em alemão. A cerimônia é tradicional na data. O responsável por conduzir o culto, com início marcado para as 9 horas, será o pastor emérito Herwig Kanitz. Um dos grandes incentivadores da realização é o aposentado Astor Bublitz, de 68 anos. Ao longo da vida, ele sempre frequentou os cultos e demais eventos da comunidade e viu o interesse da população diminuir. “Hoje, de todo o nosso calendário anual, o único culto ainda celebrado em alemão é o da Sexta-Feira Santa”, observa. Ele pede que as famílias levem as pessoas idosas que têm interesse mas não conseguem mais se deslocar sozinhas até a igreja.

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“Se tiver um filho, sobrinho ou afilhado que possa trazer essas pessoas, certamente elas ficarão muito lisonjeadas.” Ele se preocupa também com o número cada vez menor de jovens que aprendem o alemão, mesmo tendo essa oportunidade dentro da família. Com isso, no âmbito das comemorações dos 200 anos da imigração germânica no Rio Grande do Sul, Bublitz entende que é um bom momento para preservar o idioma e os costumes dos colonizadores. Com atuação profissional no ramo do tabaco, ele chama a atenção ainda para a importância de falar mais de um idioma. “E digo por experiência própria, para quem sabe alemão, aprender inglês é muito mais fácil.”

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A presidente da Comunidade Evangélica Sinimbu Centro, Marli Hirsch, recorda que os cultos foram celebrados exclusivamente em alemão por décadas. Durante a Segunda Guerra Mundial, quando esse idioma foi proibido no Brasil, passaram a ocorrer em português. A partir da década de 1950, os cultos começaram a ser feitos nas duas línguas e, com o tempo, o português se tornou predominante. Ela frisa que o alemão é muito falado em Sinimbu, por isso, considera fundamental preservar o idioma.

Futuro das celebrações é incerto, diz pastor

Em 2002, após a aposentadoria de Klaus Werner – o último pastor alemão que Sinimbu teve –, a Comunidade Evangélica Centro foi assumida pelo pastor Herwig Kanitz. Natural do município, ele teve a formação religiosa em São Leopoldo e passou ainda em Paraíso do Sul, Três de Maio e Lajeado antes de voltar à terra natal. Em 2012, também se aposentou, mas continuou atuando como pastor emérito, sendo responsável pela celebração do culto da Sexta-feira Santa. Hoje, aos 72 anos, ele se preocupa com o futuro.

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Kanitz recorda que durante todo o seminário e em parte da faculdade de Teologia, teve aulas somente em alemão. Com isso, aliado ao que havia aprendido com a família, tornou-se fluente. Nos dias atuais, entretanto, a formação já não ocorre mais dessa forma e muitos pastores têm dificuldade com o idioma.
Ao comentar o interesse dos fiéis pelos cultos em alemão, Kanitz confirma a percepção de Astor Bublitz. “Diminuiu, e com a Covid-19 piorou ainda mais. Achei que depois da pandemia haveria um avivamento, mas isso não aconteceu.”

Ele lembra do início dos anos 2000, quando assumiu a paróquia. “A igreja ficava lotada até o último banco, pagávamos cadeiras no salão e ainda ficava gente de pé. Hoje não é mais assim, e não houve redução no número de famílias evangélicas.”

O pastor entende que preservar a tradição é preservar a memória dos antepassados e a religião, que foi fundamental para o sucesso das colônias. Afirma que pretende continuar realizando o culto em alemão enquanto puder, mas não sabe como será o futuro. “Daqui a pouco não vou mais estar aqui, então se alguém não assumir a celebração, provavelmente deixará de existir”, lamenta.

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Iuri Fardin

Iuri Fardin é jornalista da editoria Geral da Gazeta do Sul e participa três vezes por semana do programa Deixa que eu chuto, da Rádio Gazeta FM 107,9. Pontualmente, também colabora nas publicações da Editora Gazeta.

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