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ENCHENTE

Sinimbu busca dar suporte humanitário a atingidos, mas ainda há comunidades isoladas

Foto: Rafaelly Machado

Mário Rabuske: equipamentos do Restaurante Quiosque foram destruídos pelas águas

“A gente se queixa quando perde uma safra. Eu estou vendo 53 anos da minha vida indo embora.” Com essa frase, o empresário Mário Rabuske resumiu a situação que via no Restaurante Quiosque, de Sinimbu, que atrai público de toda a região. Um grupo de funcionários e amigos retirava camada de mais de um palmo de lodo do local. Sua família tem um supermercado do outro lado da Rua General Flores da Cunha, que também foi destruído pela força das cheias.

Rabuske, que já foi prefeito de Sinimbu, disse nunca ter visto nada parecido. Em outro momento, a água já havia entrado no restaurante e chegado a 30 centímetros. Desta vez, superou os dois metros. Ele recorda da série histórica das enchentes, que tem a atual no topo, seguida pelas de 1919, 1941, 2010 e 2013.

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Enquanto muitos moradores e voluntários de outros locais garantiam a retirada de móveis e eletrodomésticos danificados, na rua, um grupo de pessoas garantia a produção de refeições e a distribuição de água e lanche. É o caso de Silvia e Bibiana Backes, mãe e filha. Elas tiveram prejuízo na pizzaria da família, mas, em meio ao trabalho de limpeza, levaram sanduíches e ofereciam para as pessoas que trabalhavam.

Bibiana e Silvia distribuíam lanches e limpavam a pizzaria | Foto: Rafaelly Machado

Em outra rua, o grupo de amigos e colegas de trabalho de Samuel Backes, que atualmente mora em Santa Cruz do Sul, limpava a casa da mãe e da avó do sinimbuense. Ele conseguiu retirar as duas em tempo, mas móveis e o que havia dentro das casas, na Rua Jorge Bender, foi destruído. Na mesma rua, via-se carros enterrados na lama, roupas e estruturas utilizadas em lojas de roupas para exposição, que não se sabe de onde vieram.

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O olhar incrédulo de Hildegard Schmidt, aos 69 anos, mostra a surpresa e a frustração ao mirar a casa onde trabalha. Ela e a proprietária, sua xará Hildegard Becker, de 82 anos, mantêm o casarão antigo que foi construído para ser o hospital de Sinimbu, com jardins, plantações, móveis centenários e muitas relíquias. Tudo destruído pela água e pela lama. A dona estava sozinha em casa quando a água subiu e acabou se salvando porque conseguiu ir para o sótão da morada. Depois, foi resgatada pelas forças de segurança.

Na casa de Hildegard Becker, a lama danificou os móveis centenários | Foto: Rafaelly Machado

“Todos nós estamos atingidos, tanto pelo desastre quanto psicologicamente”

O fim de semana foi para intensificar a limpeza das residências, dos estabelecimentos comerciais e dos prédios públicos atingidos pelas cheias resultantes do maior desastre natural vivido pelo Rio Grande do Sul. Além disso, após o trabalho de salvamento das pessoas em situação de risco, a atenção tem sido dada para o suporte humanitário às comunidades isoladas.

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A prefeita Sandra Backes destaca o apoio de empresas, que disponibilizam equipamentos e seus funcionários; de voluntários, e da Prefeitura de Santa Cruz do Sul, que cedeu o secretário Décio Hoscheichdt e maquinário para auxiliar na limpeza da cidade. “Tive muito acerto em acionar as sirenes para acordar as pessoas. Se não, teríamos muitas vítimas. As pessoas iriam morrer dormindo”, recorda a chefe do Executivo.

Agora, reforça que devem ser encaminhados mantimentos para os moradores que estão em área isolada. “Temos acesso a Santa Cruz e pela 153; os demais pontos estão sem acesso. A situação ainda é bastante grave e precisamos restabelecer o município”, salienta Sandra.

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Ela conta que 25% da população está em situação de desabrigado ou desalojado, mas que muitos estão em casas de familiares e amigos. Enquanto isso, outros estão no Salão da Comunidade Evangélica, onde estão concentrados as doações e o cadastro das pessoas atingidas pelas cheias. Ao local, enfatiza Sandra, é importante que sejam encaminhados como donativos colchões, água, produtos para fazer refeições e material de limpeza.

“Todos nós estamos atingidos, tanto pelo desastre quanto psicologicamente, mas a gente voltará muito forte. Vamos reconstruir Sinimbu”, afirma.

Prefeita Sandra Backes: reerguer Sinimbu | Foto: Rafaelly Machado

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