Os ovários são dois órgãos, um de cada lado do útero, responsáveis pela produção dos hormônios sexuais femininos e por acolher os óvulos que a mulher traz consigo desde o ventre materno. Entre 7% e 20% das mulheres em idade reprodutiva podem desenvolver cistos nos ovários, isto é, pequenas bolsas que contêm material líquido ou semissólido, chamado de ovários policísticos.
De acordo com o ginecologista e obstetra Carlos Eduardo Kampf, a síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das alterações endócrinas mais comuns nesta fase da vida, levando a um desequilíbrio hormonal que pode causar irregularidade menstrual e dificuldade para engravidar. A causa desta doença é pouco conhecida, mas fatores ambientais e genéticos têm sido atribuídos para o surgimento. “A origem genética pode estar associada, uma vez que há maior frequência da síndrome em mães e irmãs de pacientes já diagnosticadas com a doença. Entretanto, o modelo de hereditariedade permanece incerto e desconhecido”, justifica Kampf.
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Além de problemas na ovulação das pacientes que estão tentando gestar – a síndrome é responsável por cerca de 75% dos casos de infertilidade de origem ovariana -, existe ainda a associação com distúrbios metabólicos, como: obesidade em 50% das pacientes; de 50% a 70% delas têm resistência à insulina; há duas vezes mais risco de desenvolverem a diabetes melito; a mesma relação para o risco de hipertensão arterial sistêmica, além do risco da síndrome metabólica e dislipidemia, que são a elevação do colesterol e triglicerídios no sangue.
O diagnóstico é feito pelas manifestações clínicas, que são caracterizadas por alterações no ciclo menstrual, anovulação crônica, sinais clínicos de hiperandrogenismo, como pele oleosa, acne, hirsutismo, entre outros, além dos ovários policísticos diagnosticados pelo ultrassom. “Na ultrassonografia, identificam-se, entre 75% e 90% das vezes, ovários aumentados em volume, com vários pequenos cistos localizados em toda a sua extensão”, complementa Kampf.
Vanessa Hermes, de 24 anos, descobriu aos 21 que tinha ovários policísticos. Ela conta que passou um ano sem menstruar, quando estava fazendo um intercâmbio fora do Brasil. No retorno, procurou imediamente uma ginecologista, que fez o diagnóstico. “Apesar do susto inicial, pois eu não conhecia a doença e o que poderia vir com ela, fiquei mais tranquila quando soube que não era um problema raro e que era possível, mantendo alguns cuidados, conviver com ela. E, de fato, tem sido muito tranquilo pra mim”, afirma.
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Vanessa mantém visitas regulares à médica e afirma que uma das maiores preocupações diz respeito ao futuro, quando pensar em engravidar. “Atualmente, também me preocupa o fato de não haver uma unanimidade entre os médicos em relação ao uso do DIU por pacientes com a síndrome, método anticoncepcional do qual faço uso”.
Depende do objetivo a ser atingido. Consiste em regularizar o ciclo menstrual, reduzir o hirsutismo e o hiperandrogenismo, induzir a ovulação naquelas mulheres que desejam gestar, além de diminuir peso e fatores de risco para diabetes e doença cardiovascular (síndrome metabólica). Kampf explica que o melhor tratamento preventivo pode ser iniciado já na adolescência, por meio de uma dieta alimentar equilibrada e um estilo de vida saudável.
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Estudos mostram que a perda de 5% a 10% do peso corporal, naquelas pacientes obesas ou com sobrepeso, pode restaurar a ovulação e a fertilidade, além de melhorar o colesterol, a pressão arterial e diminuir as queixas de excesso de pelos e acne. “Alguns medicamentos podem ser utilizados para melhorar os níveis de insulina e assim restabelecer os ciclos menstruais e a ovulação. Aquelas mulheres com ciclos irregulares que não desejam gestar podem ser beneficiadas com o uso de anticoncepcionais orais, preferencialmente aqueles que tenham efeitos sobre as alterações da pele”, atesta. E ele também alerta que a síndrome dos ovários policísticos não pode ser totalmente prevenida, mas, quanto mais cedo feito o diagnóstico, menor a chance de complicações futuras.
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