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Síndrome de Estocolmo é retratada nas telas e nos livros

A comunidade regional registrou na manhã da última terça-feira, 28, uma situação inesperada e incomum: em júri popular no Fórum de Venâncio Aires, o marceneiro Lisandro Rafael Posselt, 28 anos, respondia por tentativa de feminicídio contra Micheli Schlosser, 25 anos, após tê-la alvejado com cinco tiros em agosto de 2019. No entanto, diante do juiz e do corpo de jurados, ela pediu autorização para abraçar e beijar o réu, atitude que o promotor de acusação, Pedro Rui da Fontoura, disse lembrar a Síndrome de Estocolmo. Esta é associada a situações em que vítimas ou pessoas submetidas a alta pressão psicológica estabelecem algum tipo de vínculo ou de envolvimento afetivo com algozes ou agressores.

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A menção feita pelo promotor acabou colocando na pauta regional essa referência, independentemente de alusão ou relação efetiva com o caso verificado em Venâncio Aires. Em rodas de conversa e nas mídias sociais, reacendeu-se a curiosidade em torno da expressão, explorada de forma recorrente nas artes, em especial na literatura e no cinema. Ela decorre de um caso famoso ocorrido justamente na capital sueca, entre 23 a 28 de agosto de 1973, portanto há quase quatro décadas.

Após um assalto na região de Norrmalmstorg, em Estocolmo, as vítimas, reféns, posicionaram-se em defesa dos algozes, mesmo depois de submetidos a pressão psicológica. Na ocasião, uma assaltante, um presidiário e quatro funcionários conviveram por seis dias dentro do banco e os reféns acabaram estabelecendo uma espécie de cumplicidade com os agressores.

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O criminólogo e psicólogo Nils Bejerot, que auxiliou a polícia durante o assalto, foi quem cunhou a expressão, que passou a ser adotada em situações similares, de vítimas que depois procuram de algum modo minimizar ou justificar agressões, violências ou ameaças. Configura, portanto, estado psicológico que pode não ter nenhuma relação com o caso verificado em Venâncio Aires. Mas a alusão costuma ser feita em ocorrências diversas nas que vítimas envolvem-se posteriormente com quem lhes infligiu violências.

A criatividade de artistas, escritores e roteiristas de cinema e de TV explorou de diferentes formas essas possibilidades, em romances e filmes de tensão psicológica ou clima de suspense. A série literária As crônicas de gelo e fogo, lançada em cinco volumes, a partir de 1996, pelo norte-americano George R. R. Martin, que a Companhia das Letras e a Leya editaram no Brasil, é uma das referências diretas, assim como passagem similar na adaptação para a série de TV Game of Thrones, na qual um personagem se submete a outro que foi seu raptor e torturador.

O quadro pode ter variadas associações igualmente com contextos de tortura psicológica, prazer e sadomasoquismo, em que a vítima não foge de quem lhe inflige torturas ou dor vinculada a prazer, mesmo se submetida ao medo do que virá a testemunhar ou experimentar.

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Cinema
No cinema, as referências ou alusões são amplas e constantes. Em Jogos Mortais, dirigido por James Wan, em 2011, uma ex-drogada (Shawnee Smith) conquista a admiração de um cientista e escritor (John Kramer) após cumprir uma dura prova a que foi imposta, e acaba se dispondo a passar a auxiliá-lo.

Já em Ata-me!, de Pedro Almodóvar, a protagonista Marina (Victoria Abril) apaixona-se pelo seu raptor (Antonio Banderas), em abordagem clássica da Síndrome de Estocolmo, e se determina a casar com ele mais tarde, após ter sido libertada.

E até em um dos filmes da série James Bond, 007 – O Mundo Não é o Bastante, de 1999, a personagem Electra King, papel de Sophie Marceau, acaba desenvolvendo afeto pelo terrorista internacional que a sequestrou (papel de Robert Carlyle), e com o qual se une, para espanto de Bond (Pierce Brosnan). Mas em várias outras produções a síndrome é referida. Até na música, a banda Blink-182 explorou o tema na canção Stockholm Syndrome, bem como o grupo The Who tematizou-a na canção Black Widow’s Eyes.

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