As onipresentes redes nem sempre sociais permitem reencontrar personagens que foram importantes em nossa vida. Ex-amores, ex-colegas, ex-vizinhos, amigos que se perderam ao longo da trajetória. São figuras que participaram de nossa rotina e seguiram outros caminhos, mas permanecem na memória.
Estes “reencontros” nos levam a fazer inconscientemente comparativos. Muitas vezes estes personagens tiveram a formação e educação similar a nossa, mas desígnios muito diferentes. Em resumo, a indagação se impõe: por que a vida é tão diferente para pessoas que eram tão parecidas?
A formação da personalidade é uma obra complexa. As principais raízes são moldadas pelo berço, por meio dos valores herdados, da educação dos primeiros anos de vida, dos exemplos familiares. Outra parcela da forma de encarar a vida advém dos ambientes que frequentamos, das pessoas que nos cercam, dos amigos que elegemos para compartilhar experiências.
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Um dos desafios mais difíceis talvez seja o esforço para manter a autenticidade. Ser o que realmente somos, sem máscaras, constitui tarefa incansável. A sociedade cobra muitos comportamentos que afrontam nossa maneira de pensar. Conflitos se estabelecem inúmeras vezes atrapalhando a busca da felicidade.
Diz-se que os verdadeiros amigos aceitam integralmente os “amigos do peito”. Isso inclui assimilar defeitos e limitações, além das qualidades. Tenho muitos amigos, mas três são implacáveis no quesito julgamento sincero: meus filhos – Laura e Henrique, 24 e 22 anos – e meu irmão de vida e jornalista Ari Teixeira.
Sempre que pergunto “me diz sinceramente o que tu pensa”, o ato contínuo é de arrependimento. Eles são megaverdadeiros, dizendo sem papas na língua o julgamento sumário. Na hora fico furioso, mas procuro assimilar porque os amigos são assim mesmo, sinceros, por vezes duros, mas sempre honestos.
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Muitas pessoas que compartilharam experiências conosco no passado tiveram uma vida inimaginável por não terem que encontrar gente que falasse a verdade, mesmo que dolorosa. Nesta “ditadura das aparências” nem sempre é fácil ser autêntico. Imagens de ambientes exuberantes, com gente bonita e ostentação, se multiplicam nas redes sócias. Há uma quase obrigação de ser demonstrar felicidade que contraria as agruras rotineiras.
A felicidade está no privilégio de ter ao lado pessoas dispostas à sinceridade diante dos amigos. Isto sim não tem preço. E merece valorização verdadeira.
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