Assim com muitos, guardo na memória este grande homem, grande em sua estatura, maior ainda em sabedoria, em conhecimento, em seus empenhos pelas necessidades coletivas. Silvérius foi um dos mais expressivos políticos que a história de Santa Cruz do Sul conheceu.

Sua vida pública iniciou nos idos de 1960, quando assumiu diferentes secretarias na esfera municipal e em 1966 foi eleito vice-prefeito. Mas isto apenas foi o início. Estudou administração pública na Alemanha e, na sequência, foi lançado como candidato ao Legislativo Estadual. Vitorioso, foi reeleito por cinco vezes consecutivas.

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Uma das muitas áreas de sua atuação, que mereceu grandes empenhos de Silvérius, foi a educacional. Muito se dedicou em favor do desenvolvimento humano. Angariou verbas para escolas e não mediu esforços para o estabelecimento de nossa Unisc. A Escola Willy Carlos Fröhlich, por exemplo, foi construída com recursos auferidos por ele.

Muitas pessoas tiveram a oportunidade de estudar por interferência dele. Eram pessoas que, como eu e o próprio Silvérius, cresceram no interior, em meio à vida silvestre, ao cultivo da terra, ou eram do mundo urbano. Eram jovens que sonhavam com a ampliação de seus horizontes de mundo, mas sem recursos para isso.

Quando eu iria completar 15 anos, as possibilidades de estudo na Kolonie se haviam esgotado. Estudar lá fora, na cidade, era meu sonho teimoso. Como realizá-lo se meu português era rudimentar, se dinheiro era um nobre ausente, se nem conhecia bem a cidade? Vezes e vezes levei minha Mama à beira de ataque de nervos com minha insistência. Primeira vitória foi a aprovação no exame de Admissão ao Ginásio no Colégio Mauá. Foi o primeiro passo.

Suficientemente grande para a Mama se vestir de coragem e levar ao deputado Silvérius Kist o meu grande desejo. Mediante sua intervenção, encontrou-se a solução: uma bolsa carente para estudar no renomado colégio. Este início de incursão no mundo do saber devo, assim como muitos outros jovens, ao Kistão, como era carinhosamente chamado.

Até então apenas o conhecia, e sua notoriedade, por intermédio da imprensa. Mais tarde, quis o destino que nos tornássemos vizinhos. Aos poucos foi se estabelecendo uma sincera amizade entre nós. Em nossas muitas conversas, ao longo de anos, fui conhecendo nele um político deverasmente interessado e dedicado às causas coletivas. Uma de suas preocupações estava voltada para a necessidade de o Brasil investir maciçamente em escolas profissionalizantes por todo o país, como havia conhecido na Alemanha.

Defendia a formação em nível técnico e humano com qualidade. Isso fomentaria a prosperidade, a qualidade de vida do povo. Também defendia investimentos maciços em pesquisas nas universidades, para poderem cumprir seu papel primordial na produção de novos conhecimentos, para além da disseminação universal de conhecimento.

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Silvérius era um visionário, que entendia a educação e a formação de qualidade acessada a toda a população como condição para o desenvolvimento humano e econômico. Em nossas muitas conversas, conheci um homem de voz tranquila, sempre muito ponderado. Sabia defender seus pontos de vista, com argumentação e não com agressividade, como se tornou comum no mundo de hoje.

Era um ser dedicadamente voltado para o mundo urbano e o rural. Este permaneceu em seu coração. Antes de vir a se estabelecer em Linha Santa Cruz, plantou árvores em seu lugar de viver e hoje formam uma exuberante florestinha. Também nos fundos do terreno plantou muitas frutíferas silvestres para o alimento de aves. Silvérius teve de deixar este mundo, mas continua indelével naqueles que o conheceram ou que com ele conviveram. Seus empenhos pela educação e pelo plantio de árvores são símbolos de sua visão de vida com qualidade.

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