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Sexo e pílulas

A atividade sexual é uma função psicofisiológica, assim como sono e alimentação. Essas funções sofrem uma influência significativa do estado psíquico do humano, tanto para o excesso, falta ou ausência. As queixas de alterações da função sexual são bastante comuns. Elas muitas vezes trazem os pacientes aos consultórios médicos como também estão relacionadas a muitas doenças clínicas e psiquiátricas, bem como os medicamentos utilizados no tratamento destas doenças.

Como seres sexuados que somos, o sexo faz parte de uma vida plena e saudável. Sexo pode ser uma fonte de prazer e auxilia na manutenção dos vínculos afetivos. Obviamente ninguém é obrigado a fazer, mas querer fazer e não conseguir é uma fonte de angústia e sofrimento, que cresce tanto entre homens como em mulheres.

A biologia do sexo é extensa e complexa, principalmente na mulher. Existem dezenas de hormônios e neurotransmissores envolvidos neste processo, como testosterona, estrogênio e oxitocina. A resposta sexual humana possui três fases: libido, excitação e orgasmo, com suas devidas peculiaridades no homem e na mulher. Cada uma dessas fases pode ser facilitada ou prejudicada dependendo dos medicamentos que utilizamos.

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Libido é desejo, vontade de se engajar numa relação sexual. Ela é estimulada por uma substância chamada dopamina e inibida pela prolactina. Então, qualquer medicamento que eleve os níveis de dopamina aumenta a libido. Medicamentos que reduzem a dopamina pioram a libido. Assim como situações que aumentem a prolactina. A mais comum delas é a amamentação.

A excitação é caracterizada por ereção no homem e lubrificação vaginal na mulher. Aqui o ator principal é o óxido nítrico. Sem ele não há excitação. O óxido nítrico é responsável por manter sangue retido no pênis para endurecê-lo e na vagina para mantê-la lubrificada. Se o óxido nítrico não durar muito tempo ou estiver em dose insuficiente, fica complicado e doloroso fazer sexo. Diabetes, tabagismo, hipertensão e alguns antidepressivos podem acabar com o óxido nítrico. Os medicamentos para disfunção erétil aumentam o óxido nítrico. 

Orgasmo é diferente para homens e mulheres. Mas a química é bastante semelhante. Noradrenalina se faz necessária para atingirmos o orgasmo. Alguns medicamentos para o coração podem reduzir os níveis dela. Já a serotonina retarda ou impede o orgasmo. Assim sendo, muitos antidepressivos podem ocasionar retardo ejaculatório no homem (o que é ótimo para quem tem ejaculação precoce) e anorgasmia na mulher. 

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Todas essas fases costumam ter um determinado tempo de duração. A libido não alimentada esmaece. A excitação prolongada por tempo demais gera dor. O orgasmo gera ativação do sistema de recompensa e do sistema opioide, gerando prazer e bem-estar. Se você vem enfrentando dificuldades na sua vida sexual, converse com seu médico (pois poucos vão falar sobre isso com você). Medicamentos atrapalham ou ajudam. Espero que ajudem e não atrapalhem.

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