Seu Grimaldi

A vida permite encontros que são para sempre. Costumo dizer que o jornalismo é minha paixão pela possibilidade de conhecer pessoas incríveis, inspiradoras, que marcam a trajetória a partir de pequenos episódios. Alguns personagens são humanos. Outros, talentosos, muitos generosos, parceiros ou surpreendentes.

Meus filhos fazem troça dessa minha mania. Costumam dizer que, se eu fosse solto em um potreiro, em poucos minutos “estaria conversando com a cerca ou com os animais”.

Outra observação frequente deles é:

– Pai… tu não conversa com as pessoas. Tu entrevista teus interlocutores!

Eles têm toda verdade. Em qualquer ambiente, gosto de conversar, obter informações sobre a rotina e a personalidade das pessoas. Nestes 40 e poucos anos como repórter, conheci muita gente legal. Entre eles um mecânico que se tornou um grande amigo de minha família. “Seu” Grimaldi – como é conhecido – é um cara bonachão, sempre de alto astral, atencioso, tremendamente ético e profissional.

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Perdi a conta das vezes em que ele me socorreu, inclusive a domicílio e em finais de semana, feriados. Por vezes, cedo da manhã, na hora de ligar o carro vem a surpresa: “Bateria arriada”, como dizem os paulistas, impedindo a ida ao trabalho. Basta uma ligação telefônica que em minutos ele ou algum funcionário aparece para resolver o problema com agilidade.

Não me recordo da primeira vez ou como cheguei à oficina do seu Grimaldi. Ele trabalhava em um prédio acanhado diante do enorme movimento de clientes em qualquer hora do dia. Inúmeros amigos e ex-colegas de trabalho até hoje são clientes fiéis.

Uma das coisas que mais admiro no amigo-mecânico é a postura honesta em qualquer circunstância. Sou completamente leigo nas lides mecânicas, inclusive para os contratempos mais simples. Isso significa que sou presa fácil para vigaristas que se multiplicam, inclusive nesse segmento. É claro que o seu Grimaldi, no primeiro serviço, flagrou a minha ignorância. Ao contrário do que acontece com muito prestador de serviço sem escrúpulos, desde o primeiro atendimento ele me explicava com paciência os motivos da troca de determinada peça ou da necessidade de realizar algum serviço.

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Levou tempo para ele se convencer de que não era necessário gastar tempo e energia em explicações. Confio cegamente nesse amigão que a vida me deu. No último sábado, precisei outra vez de seus préstimos. Ele atendeu com rapidez a ligação e não hesitou. Indicou o nome e endereço da empresa para a troca da bateria do carro. Antes, colocou-se à disposição para realizar o socorro.

Seu Grimaldi é a prova de que vale a pena viver. Mostra, também, que a vida é mais leve quando pessoas de bem, como ele, servem de inspiração, modelo e convivência.

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