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Setor de floricultura também sente os reflexos da crise do coronavírus

Um dos setores altamente afetados com a quarentena motivada pelo coronavírus é a produção de flores. Com o comércio fechado, as vendas dos produtores praticamente zeraram. Disponíveis em alguns supermercados, as plantas também não estão mais na lista de prioridades dos consumidores. O cancelamento de eventos é outro grande motivo das quebras registradas pelo setor. O Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) estima que os prejuízos atinjam entre R$ 40 milhões e R$ 60 milhões no país somente entre os produtores, sem contar as perdas no atacado e no varejo.

Em Linha Santa Cruz, no interior de Santa Cruz do Sul, os empresários Lourdes Maria e Luiz Morsch estão apreensivos quanto ao futuro das atividades. Atualmente, o Sítio Eco Flores emprega 22 funcionários no cultivo de flores em vasos. “São 22 famílias que dependem do nosso negócio. Infelizmente, agora já faz duas semanas que não vendemos absolutamente nada. É dinheiro que vai para o lixo”, lamentou Lourdes. Os produtores calculam que são em torno de 4 mil vasos de flores descartados semanalmente, uma vez que a mercadoria é perecível e, hoje, não há compradores interessados.

Outro ponto, conforme Lourdes, é que a produção é programada com aproximadamente meio ano de antecedência. Todas as flores prontas hoje começaram a ser produzidas há meses, com compra de mudas e insumos em Holambra, município paulista referência no segmento de floricultura do país. “Tudo vem de lá. São custos altos e agora nossas estufas estão cheias, sem termos para quem vender”, destacou. A expectativa dos empreendedores é de que o mercado reaja antes do Dia das Mães, data que representa a principal safra das floriculturas. “Daqui a um mês, se nada mudar, vai ser difícil comportar os prejuízos.”

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Em todo o país, setor amarga prejuízo que gira entre R$ 40 milhões e R$ 60 milhões

Empresário já foca no Dia das Mães
A venda também está estagnada no Sítio Pioneiro, empresa de produção e distribuição de flores e plantas naturais situada em São José da Reserva, no interior de Santa Cruz do Sul. O empresário Ilário Keller conduz o negócio há 22 anos e se diz surpreso com a atual crise do segmento. Com as lojas fechadas, a empresa não tem para quem vender as mercadorias. Os dois veículos usados na logística atualmente estão parados, assim como três dos sete funcionários do estabelecimento. “As plantas ainda esperam, mas as flores têm prazo de validade”, comentou.

Os vasos de gérberas, crisântemos, begônias e kalanchoe são o carro-chefe da empresa, vendidos no eixo entre Santa Maria e Porto Alegre. “Nos primeiros dez dias os prejuízos não foram tão grandes, mas a partir de agora as coisas começam a apertar. Estamos totalmente parados, sem nenhuma venda. Infelizmente, teremos que descartar nossa produção.” A esperança é de que a situação se reverta antes do mês de maio. “Estamos preocupados, mas já olhando para frente. Esperamos que o Dia das Mães não seja comprometido porque já está tudo plantado para esta data.”

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Keller também deverá descartar produção encalhada nas estufas, em São José da Reserva. Expectativa é que tudo se resolva até maio

Sem feiras, sem vitrine
Os microempresários Dulce Maria Düpont e Roberto Müller possuem um viveiro de produção de plantas na localidade de Malhada, em Passo do Sobrado. A produção é destinada para a floricultura da família, em Venâncio Aires, para outros parceiros compradores na região e também para feiras. Enquadrados como agroindústria familiar, os produtores participariam da Expoagro Afubra deste ano, que foi cancelada devido ao coronavírus. Também levariam sua produção para outros eventos regionais que igualmente foram cancelados em função da pandemia, como a Festa do Búfalo, em Passo do Sobrado. “Está tudo parado. Não tem venda, não tem feira, não tem exposição”, lamentou Dulce. A produtora ainda não faz ideia do prejuízo, mas tem certeza de que os impactos serão grandes no negócio. “A produção do nosso viveiro é de folhagens e ornamentais, que podem ser mantidas por mais tempo, mas as perdas são inevitáveis.”

Campanha
O cancelamento de eventos é considerado o principal motivo das perdas registradas pela floricultura nacional durante a crise do coronavírus. O cenário levou o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) e as cooperativas Veiling e Cooperflora, de Holambra (SP), a criar a campanha O poder das flores e das plantas – A flor é o alimento para a alma, que estimula o consumo individual. A justificativa é que, mais do que embelezar e decorar as residências, escritórios e empresas, as plantas e flores purificam o ar, ajudam a relaxar e a reduzir o estresse, estimulam a criatividade e melhoram o bem-estar e a qualidade de vida. Para uma retomada, pelo menos parcial das vendas, os idealizadores pediram o apoio da Associação Brasileira de Supermercadistas (Abras) a fim de manter os espaços nos supermercados e ajudar a promover a ação. A mobilização do setor florista também visa aplicar outras medidas para equilibrar o mercado em todo o país.

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