A Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apurou 126.518 emplacamentos no primeiro mês do ano. É o pior número desde 2005, quando ficou no patamar de 106 mil. As explicações são diversas, mas há pelo menos dois motivos bem explícitos, que resultam na dificuldade de produção: falta de insumos e a mudança na legislação ambiental. A tendência é de que isso esteja minimizado até metade do ano.
As fabricantes depararam-se, nos últimos dois anos, com a diminuição da oferta de insumos como chip e metal, o que fez com que a produção de carros zero-quilômetro fosse freada. A situação é uma das consequências da pandemia do coronavírus. Mesmo assim, as vendas continuaram em elevação, sendo considerados dois dos melhores anos recentes.
Um dos exemplos é a autorizada Felice Jeep, de Santa Cruz do Sul. Na virada do ano, de 2020 para 2021, a empresa tinha 200 automóveis em estoque; entre 31 de dezembro de 2021 e 1º de janeiro de 2022, restavam apenas cinco à disposição. O gerente de vendas José Luís Colpo ressalta que atualmente existe fila de espera para determinados modelos. No de maior valor da marca, que é o SUV Commander, está em média entre 90 e 120 dias.
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“Começaremos a normalizar no segundo semestre, quando houver a regularização na produção e na distribuição”, antecipa. Isso deve representar reajustes menores. O último ano teve média entre 20% e 30% de aumento nos preços, em decorrência da diminuição da oferta de veículos e crescimento do consumo. “Foi o maior aumento dos últimos dez anos, porque acabou faltando produto”, acrescenta.
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Leonardo Becker, gerente da autorizada Nissan em Santa Cruz, concorda. Lembra que no último ano aconteceu a diminuição dos estoques no segundo e no terceiro trimestres. “Isso representou um aumento nos valores dos veículos, mas extraoficialmente já se cogita algo mais moderado. Entre 2020 e 2021, tivemos meses em que foram registrados dois aumentos no mesmo mês, pela falta de insumos e componentes”, diz.
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Colpo explica também que as fabricantes costumam entrar em férias coletivas no dia 25 de dezembro, seguindo até 10 de janeiro. Isso fez com que a chegada de veículos às autorizadas ocorresse somente nos últimos dias do primeiro mês. Assim, os emplacamentos devem apresentar elevação em fevereiro, porque haverá novas unidades no mercado. A situação da escassez de automóveis fez com que fosse diminuída a venda do carro “doble ano”, que é aquele com um ano de fabricação e modelo do ano seguinte.
Entre as montadoras que têm fábrica no Brasil, a Nissan, segundo o gerente da autorizada local, Leonardo Becker, agilizou os trabalhos no fim de 2021 para dar esse suporte no início do ano. Isso fez com que fosse garantido o volume necessário para a pronta-entrega. Nos casos que possam enfrentar espera, ela é de no máximo 60 dias. “A partir de abril deve dobrar a entrega dos modelos, dando o suporte necessário para o atendimento ao público”, antecipa. A maior dificuldade percebida é nos modelos com câmbio manual, mas que já representavam menos peso dentro das suas vendas.
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A Chevrolet, que tem fábrica no Rio Grande do Sul, sofreu para dar suporte às autorizadas. A JA Spohr, de acordo com o gerente de novos, Cristiano Hirsch, costumava manter 200 unidades em estoque e terminou 2021 com três. “A crise da falta de componentes, principalmente semicondutores, é a responsável, mas no início de fevereiro já percebemos um reforço”, aponta. No varejo, adianta, tem sido atendido no momento da compra, fora os casos em que o cliente escolha alguma cor específica. Em venda direta da fábrica – que é feita para produtores rurais, CNPJ ou pessoas com deficiência –, a espera pode chegar a até um ano, no caso da S10, e oito meses, no caso do Ônix.
A adaptação às regras estabelecidas pelo Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) PL7 é o outro motivo para as fabricantes atrasarem a entrega de veículos. Desde 1º de janeiro, só podem sair das montadoras veículos zero-quilômetro adequados ao que diz a legislação. Quem tinha em estoque do último ano pode vender sem maiores problemas.
A nova fase do Proconve reduz os limites de gases emitidos pelo escape. Passa, também, a considerar as emissões de hidrocarbonetos, aldeídos e do etanol, que serão incrementadas ao valor de óxido de nitrogênio. Os catalisadores terão o dobro da vida útil, passando de 80 mil para 160 mil quilômetros. O limite de emissão evaporativa (valor tóxico liberado pelo tanque de combustível) baixa de 1,5 grama para 0,5 grama por dia.
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A informação é confirmada pelo gerente-geral da autorizada Volkswagen (Spengler), Emerson Haas. Entende que o cenário esteve pior no ano passado. “Estamos com alguns modelos para pronta-entrega. Outros ainda sofrem a crise do fornecimento de componentes e da nova legislação”, explica.
Atualmente, acrescenta Haas, as maiores dificuldades têm sido percebidas no comércio frotista, que é feito para empresas, produtores rurais e autoescolas. Nesses casos, pode se esperar até 120 dias. Sobre o restante, está com praticamente 70% a pronta-entrega.
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