Em 1994, surgiu a ideia da fita amarela, depois que um adolescente de 17 anos se suicidou. Desde 2003, a Associação Internacional pela Prevenção do Suicídio convencionou o 10 de setembro como Dia Mundial da Prevenção, como data especial para chamar a atenção para o suicídio, o que foi chancelado pela Organização Mundial da Saúde. No Brasil, desde 2015, o Centro de Valorização à Vida (CVV) também criou o mês do Setembro Amarelo. Em Santa Cruz do Sul, por mobilização dos voluntários do CVV, foi aprovada a lei municipal 7.829, instituindo o Setembro Amarelo. Além disso, o empresário Cláudio Spengler criou o grupo “Enxugando Lágrimas – Grupo de Autoajuda no Combate à Depressão”. O objetivo de cada uma dessas iniciativas, cada uma dentro de suas áreas de atuação e abrangência, é promover a conscientização e prevenção do suicídio.   

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Trata-se, evidentemente, de um assunto grave e, ao mesmo tempo, triste e delicado, que passa quase despercebido. Por ser tabu, os familiares e conhecidos do suicida mantém certa reserva, quando não silêncio absoluto, negando-se a falar sobre o assunto. Os meios de comunicação, por sua vez, raramente, citam a causa da morte promovida pela própria pessoa como suicídio, informando, no máximo, ter sido de forma trágica, o que pode suscitar inúmeras possibilidades. Além do tabu, talvez seja, também, consequência de um entendimento que existia há algum tempo de que a divulgação de suicídios poderia levar outras pessoas que estivessem passando por algum problema a cometer o mesmo gesto extremo com a sua própria vida.

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Tristemente, a ocorrência de suicídios tem aumentado em ritmo cada vez maior. De acordo com números oficiais, em média, 32 brasileiros atentam contra a própria vida diariamente, um número maior do que a de vítimas de AIDS e da maioria dos tipos de câncer. Num universo de 100 mil habitantes, no Brasil, a taxa de suicídios é de 6 pessoas; no RS, 11; em nossa região, 17,2; e em Santa Cruz do Sul, por razões ainda não comprovadamente claras, 19,3, o que significa mais de três vezes a taxa do país. 

Outra constatação é que, conforme dados da Organização mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda principal causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos, atrás apenas de acidentes de trânsito. Esta constatação pode estar subestimada porque “A dor, a estigmatização e a dificuldade das pessoas em falar quando vivem essa situação de perto tornam difícil a obtenção de números exatos”,  explica Joana Portolese, assessoram em neuropsicologia do Instituto de Pesquisa Pensi”.

De acordo com a dra. Cláudia Weine Cruz, que pesquisa  casos de suicídio, existem várias vertentes que podem levar ao suicídio: biológicas (depressão e demais transtornos);  sociológicas (homens-bomba e esposas de hindus que se imolam junto ao marido morto); e subjetivas (questões psicológicas). Diz a dra Cláudia que, geralmente, o suicídio vem precedido de um quadro de depressão, durante algum tempo. O potencial suicida sempre emite sinais que as pessoas do entorno não reconhecem, achando tratar-se de frescura ou coisa de alguém que quer chamar a atenção.

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Considerada epidemia mundial, a depressão ataca aos jovens que sofrem mais com bulling, falta de adaptação social, mau desempenho escolar, cobranças; aos idosos, por falta de sentido na vida; e aos adultos por uma série de problemas, sendo um deles as dificuldades financeiras. Um levantamento realizado pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que 69% das pessoas endividadas sofrem de ansiedade, insegurança, estresse, angústia, desânimo, sentimento de culpa, falta de autoestima. De acordo com outra pesquisa, realizada pelo Investor Pulse, quase 60% afirmam que é o dinheiro – no caso, a falta dele – o que mais causa estresse em suas vidas.

Quando alguém tem hábitos prejudiciais à saúde – bebe muito, fuma, é sedentário, alimenta-se mal, etc – ao longo do tempo o corpo começa a emitir alguns sinais de que algo está errado. Em algum momento, as consequências aparecem, relevadas por algum tempo. Mas, dependendo da gravidade, exigem intervenções e tratamentos intensivos, além, é claro, de mudanças nos hábitos, que podem ser promovidas por iniciativa própria ou de familiares.

Nas finanças, acontece a mesma coisa. Quando não conseguimos pagar todas as contas do mês, no início sempre achamos alguma desculpa; geralmente, é o salário que é baixo, aconteceu algum gasto não previsto ou que logo mais vamos resolver as pendências. Mas, independente do motivo, as dívidas começam a se acumular, perdendo-se o controle da situação e isso pode terminar de forma trágica. Talvez seja este o momento para parar tudo, analisar melhor os gastos e iniciar uma “dieta financeira”.

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Felizmente, já está se falando mais do suicídio. Em programas de televisão, rádio ou reportagens de jornais, como a especial da Gazeta do Sul, de 18 e 19 de setembro, em que os jornalistas Fernanda Szczeciunski e Rodrigo Nascimento contam a história de uma sobrevivente de suicídio. Conforme diz o médico psiquiatra Fernando Godoy Neves, citado na matéria, o suicídio precisa ser amplamente debatido. O suicida não quer simplesmente se matar, como muitos pensam, mas acabar com o sofrimento e angústia que vem sentindo.

A propósito do mês Setembro Amarelo, Reinaldo Domingos, mentor da DSOP Educação Financeira e presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), concorda que o dinheiro pode, sim, ter uma parcela de culpa na depressão, conforme indicam pesquisas. Mas, ele alerta que “sempre pode haver uma saída para quem está com problemas financeiros. Às vezes, chegar ao fundo do poço financeiro pode ser a solução para poder recomeçar do zero e mudar definitivamente de vida”. Um dos erros mais comuns para o descontrole financeiro é ter um padrão de vida que não cabe dentro da renda pessoal ou familiar. É o tal do status que pode causar grandes estragos. Reinaldo  recomenda quatro cuidados para não exceder o padrão de vida que a renda permite e não viver sofrendo coma as dívidas:
1) eliminar os excessos  – por maior cuidado e critério no trato com o dinheiro, sempre existe algum desvio; 
2) estabelecer metas – mesmo com problemas financeiros, as pessoas e famílias precisam ter sonhos que gostariam de realizar;
3) conhecer seus números – realizar o diagnóstico pessoal ou familiar, conforme a metodologia DSOP; 
4) ter uma reserva financeira para atender a imprevistos.
Um dos caminhos é buscar a educação financeira e, em casos mais graves, procurar ou oferecer auxílio  médico especializado.

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