Uma estufa de madeira coberta por sombrite e instalada aos fundos de uma residência, que mais parecia uma horta convencional, revelou-se uma grande plantação de maconha. O caso inusitado foi descoberto pelo Setor de Inteligência da Brigada Militar de Encruzilhada do Sul. O cultivo da planta Cannabis sativa, proibido em território nacional, era realizado em um imóvel da Rua Ernesto Dornelles, no centro da cidade, por um homem de 37 anos que é servidor público concursado da Prefeitura de Encruzilhada e atua na Secretaria de Obras.

A apreensão, considerada a maior da história na região em quantidade da planta, foi realizada na tarde da última terça-feira, 13. Bastidores do caso foram revelados à Gazeta pelo major Cristiano Cuozzo Marconatto, comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar (2º BPM), que tem sede em Rio Pardo. Segundo ele, tudo começou a partir de uma denúncia anônima.

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“No início, essa denúncia veio descontextualizada e com pouca informação. Nosso agente da Inteligência foi a campo e começou a trabalhar e robustecer os detalhes. Fez contato com informantes, monitorou determinados lugares, trabalhou em dias e horários alternados para tentar identificar esse local, e acabou encontrando a casa e identificando o nome do suspeito, que foi preso”, disse Marconatto.

Conforme o comandante, a BM tem trabalhado muito com a Inteligência e a Força Tática, visando antecipar ações criminosas, dentro do conceito de polícia ostensiva. “Desde que assumi o comando do batalhão, a partir de abril, implantamos em Encruzilhada do Sul uma célula do Setor de Inteligência, que trabalha exclusivamente nessa área, dadas as características específicas da região. Diante disso, temos feito um trabalho bem forte, preventivo e proativo, de identificação de traficantes, de pontos de comercialização de droga e rotas utilizadas para entrega dos entorpecentes.”

Para o major, o fato em Encruzilhada é um “ponto fora da curva” no trabalho de combate ao tráfico de drogas. “Isso nunca tinha acontecido. Não é realidade da região de Rio Pardo ou Encruzilhada do Sul. Mas nos chamou a atenção e, apesar da vagueza inicial da informação, conseguimos trabalhar com ela, identificar e acabar com esse fato”, observou. Marconatto se surpreendeu com o tipo de ação realizada pelo autor.

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“No início, achamos que a informação não parecia ter muita credibilidade, mas depois trabalhamos e vimos que tinha uma procedência. Já havíamos nos deparado com situações pontuais na região, pessoas que tinham um ou outro pote, ou alguma estufa pequena em apartamento, mas desse nível, de ter uma estrutura montada nos fundos de casa, eu nunca tinha visto.”

Mais de dez cigarros fumados por dia

A ação de terça-feira foi coordenada pela capitã Giulia Brandelero, que assumiu na segunda-feira como chefe da unidade da BM em Encruzilhada, pertencente ao 2º BPM. Segundo ela, o autor, que construiu a estufa, disse que sabia da ilicitude do ato e que poderia ser preso. Chamou atenção que algumas plantas ultrapassavam a altura do muro da propriedade e chegavam a dois metros.

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Foram apreendidos cerca de 20 pés grandes de maconha, que estavam plantados dentro da estufa, mais três vasos e outros diversos pés plantados no entorno da casa, diretamente no chão. “Com a chegada do autor na residência, ingressamos no local. A ação ocorreu de forma tranquila, já que a existência da plantação e da droga foi prontamente admitida pelo autor. Em breve entrevista feita pela guarnição, o preso disse que a droga era produzida para consumo próprio e que faz uso de mais de dez cigarros de maconha por dia”, disse a capitã.

Quando os PMs entraram na casa, encontraram mais droga em cima da mesa – dois tabletes que já estavam prensados. O preso, que não teve o nome revelado pela polícia, tem antecedentes por delitos relacionados à Lei Maria da Penha, ameaça e direção de veículo automotor sem habilitação. Conduzido ao Presídio Estadual de Encruzilhada do Sul, ele vai responder por tráfico de drogas, na modalidade de semear e cultivar matéria-prima destinada à produção de entorpecente.

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