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Série The Witcher narra a saga de um caçador de recompensas

A série The Witcher, cuja primeira temporada estreou na Netflix, narra a saga de Geralt de Rivia, um caçador de recompensas que conjuga espada e feitiços para matar monstros – por um preço, é claro. Com criaturas mágicas, um pano de fundo medieval e duelos violentos, esse universo engrossa o filão da fantasia na TV.

Este ano, a HBO encerrou Game of Thrones, inspirada na obra de George R.R. Martin, e deu início a His Dark Materials, baseada nos livros de Phillip Pullman. A Amazon Prime deu continuidade a Deuses Americanos, extraída do romance de Neil Gaiman, e prepara uma série no universo de J.R.R. Tolkien. Nesse panorama, os livros de The Witcher, escritos pelo polonês Andrzej Sapkovski, eram candidatos óbvios para uma adaptação audiovisual.

Embora a série venha sendo tratada como uma resposta da Netflix ao estrondoso sucesso de Game of Thrones, o ator Henry Cavill, que interpreta Geralt, desconversa: “A única comparação que você pode fazer é que elas existem dentro de um mesmo gênero, o de fantasia”, disse ele à Agência Estado durante a CCXP (confira a entrevista completa na contracapa deste suplemento). Mas além de ter três episódios dirigidos por Alik Sakharov, que fez diversos capítulos de Game of Thrones, The Witcher pertence ao mesmo movimento literário de George R.R. Martin.

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Publicada entre 1992 e 1999, a série de livros de The Witcher Dilemas morais em mundo mágico reflete uma guinada sombria pela qual a literatura fantástica passou entre os anos 1980 e 1990. Embora a série da Netflix possa ter sofrido influência do épico da HBO, as aventuras de Geralt de Rivia foram escritas antes da disputa pelo trono de Westeros – George R.R. Martin publicou o primeiro volume das Crônicas de Gelo e Fogo, intitulado A Guerra dos Tronos, só em 1996.

BEM E MAL
Em meio a esse questionamento das fundações e premissas mais básicas da literatura fantástica, Andrzej Sapkovski desafiou justamente as convenções morais do gênero. No mundo de The Witcher, não há luta entre o bem e o mal, porque ninguém é essencialmente bom. Todos são falhos, movidos por interesses próprios e paixões contraditórias – o que os torna humanos em um mundo horrível.

Esse tom sombrio explica por que a cena que abre o primeiro livro, O Último Desejo, mostra Geralt como um forasteiro durão chegando ao vilarejo de Wyzim, sendo recebido com hostilidade pelos frequentadores de uma taverna e se engalfinhando em uma briga sanguinolenta. Nada poderia sintetizar melhor o espírito de uma saga em que todos são antiheróis. Geralt caça monstros, mas os piores monstros costumam ser as próprias pessoas.

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O protagonista é um bruxo (em inglês, um “witcher”), o que significa ter sido geneticamente modificado e treinado desde a infância para ser um guerreiro frio; mas também implica sofrer com o preconceito e ter sua própria humanidade questionada.

Game
O que popularizou de vez The Witcher para o mundo foi a trilogia de videogames produzidos pelo estúdio polonês CD Projekt Red entre 2007 e 2015 – o mais recente título, aliás, foi eleito o melhor jogo do ano no The Game Awards, o Oscar dos games. Agora é a vez de a Netflix levar esse universo sombrio e moralmente dúbio para um público ainda mais amplo.

Entrevista
“Quer ser herói, mas é vilão”
Com a difícil missão de dar vida a Geralt de Rivia, o ator Henry Cavill apareceu de surpresa no painel da Netflix na CCXP. Ao lado da showrunner da produção, Lauren S. Hissrich, Cavill deu detalhes sobre a produção e exibiu três cenas da primeira temporada. A entrevista abaixo foi concedida ao Mix por intermédio da Agência Estado.

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Mix – Como você descreveria Geralt?
Henry Cavill – Ele é como um supersoldado, sem filiação política, projetado para matar monstros e treinado para não ter emoções. Mas é um homem cheio de emoções. Ele tem um approach muito direto em relação a tudo, e por causa dos sentimentos, envolve-se em coisas que não deveria. Ele acredita no certo. E, por isso, em diversas situações ele acaba fazendo o errado para chegar ao certo.

É possível defini-lo como bom, mau ou algo no meio disso?
Geralt não é bom nem mau. O interessante sobre The Witcher e o jeito que Andrzej Sapkowski escreveu a série de livros é que nela todos são os heróis de suas próprias histórias. E mais: essa pessoa pode ser o herói da própria história, mas também pode ser o vilão, se vista de fora. Geralt é o ser mais autoconsciente. Ele quer ser um herói, mas está ciente de que representa o vilão para algumas pessoas.

O que há de mais mágico no universo de The Witcher?
É esse terreno incrivelmente bonito em que há tudo para que seja uma mágica, bela, fantástica utopia. Mas existe o jeito que tratamos uns aos outros, as diferentes espécies, nesse mundo. Tudo o que se precisa é de uma única decisão, de uma pessoa ou de um grupo, para que uma relação seja perfeita, mas não são as decisões tomadas no momento. The Witcher, então, é sobre isso: sobre nossas decisões, e sobre quão fáceis elas podem ser.

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Como fã, você está feliz com o resultado?
Absolutamente. Como fã, era muito importante para mim interpretar Gerald da melhor forma possível. Eu sou um grande fã dos games, dos livros, e nos livros você tem a oportunidade de ver toda a complexidade de Geralt. Foi um desafio, porque é como se, no início, nós tivéssemos três personagens, e para mim foi como ferver tudo isso e recriar Geralt com o núcleo de quem ele realmente é. E inserir nessa estrutura maior que nos forneceram. Gosto do jeito como lidei com ele.

LEIA MAIS: Netflix adapta ‘The Witcher’, saga sobre dilemas morais em um mundo mágico

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