Rodrigo Santoro se sentiu como um pássaro em seu mais novo trabalho, a narração da série documental Sobrevoando, que chegou junto com o Disney+ nessa terça-feira, 17. A produção do National Geographic tem oito episódios que exploram quatro países da América Latina com imagens de cima.
“A visão aérea é fabulosa. É uma forma de colocar as coisas em perspectiva metaforicamente”, disse o ator em entrevista ao Estadão, via conferência virtual. “Ela não só promove uma sensação de liberdade, mas oferece um ponto de vista diferenciado, como de um pássaro. É um ponto de vista de alguém que está cuidando, alguém que vigia, que cuida, que sobrevoa e que não interfere. Que observa com distanciamento e, ao mesmo tempo, perto o suficiente para poder apreciar aquilo.”
As mais de 160 horas de imagens foram captadas por drones em quatro países – Argentina, México, Peru e República Dominicana – focando em oito regiões e 30 cidades. Entre as atrações estão preciosidades históricas, culturais, da geografia, da fauna e da flora, como as pirâmides maias e os cenotes de Yucatán, a procissão do Señor de los Milagros em Lima, as ruínas de Machu Picchu, a trilha de Colombo em Santo Domingo e as baleias de Puerto Madryn.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Um passeio pela Índia, um lugar complexo e fascinante
O Brasil ficou de fora da primeira temporada, mas, segundo Fernando Semenzato, líder de desenvolvimento e de produção para National Geographic e Nat Geo Kids da América Latina, temporadas futuras devem retratar o País. “Há 130 anos que National Geographic tem como objetivo chegar aonde nunca ninguém chegou, ou seja, contar histórias que não foram contadas. Sobrevoando mostra cidades e lugares que talvez conhecêssemos, mas de uma maneira diferente, de cima”, disse Semenzato.
Santoro espera, como artista e cidadão, que a série ajude as pessoas a entender que tudo é nossa casa. “E que preservar a biodiversidade não é moda, mas, sim, respeito por todos os mecanismos que favorecem nossa existência”, disse. “As intenções são importantes, mas mais importantes ainda são as ações. E eu acho que essa série é um convite ao espectador a se enamorar dessas paisagens, desses lugares, dessas riquezas naturais, culturais, históricas, desses povos nativos, da sabedoria que eles carregam, toda a ancestralidade que está aí na natureza, a importância disso.”
Publicidade
Para ele, a preservação vem da admiração. E, nesse caso, a perspectiva aérea também ajuda. “O ponto de vista nos coloca no nosso lugar, nos mostra o tamanho que temos.”
LEIA TAMBÉM: ‘Big Mouth’: Netflix divulga data de estreia e trailer da 4ª temporada
O ator é um apaixonado pela natureza, como se pode notar. E ele tem esperança de que mais pessoas estejam vendo a importância de defendê-la. “Está se falando mais sobre o assunto. Pelo menos discutindo, a gente começa a ver. Mas as ações são fundamentais. É preciso que a economia abrace isso”, afirmou.
Publicidade
“É necessário ser uma forma de olhar com respeito e com seriedade mesmo para a questão. Não pode ser uma coisa dos que preservam a natureza. Preservar a natureza não deveria ser uma coisa de alguns, de filosofia. É uma questão de sobrevivência mesmo. Se você preserva seu meio, está preservando a sua vida, a sua sobrevivência nesse lugar, o futuro, está dando condições para o habitat. A Terra está aqui há tempos, a gente chegou muito depois. Não faria mal ter um pouco de humildade com tudo o que estava aqui antes, essas informações todas que estão na natureza ” Santoro acha que é muito fácil observar isso: basta ver um dos muitos programas do National Geographic. “Você assiste e pensa como a natureza é perfeita. E é, se a gente não estragar.”
A série vem num momento em que esses lugares não podem ser visitados ao vivo, por conta da pandemia. Para Rodrigo Santoro, é um momento de transformação. “Uma das coisas que aprendemos, ou deveríamos ter aprendido, é que vivemos uma falsa sensação de individualismo. Nossas escolhas, por menores que sejam, influenciam a vida de todo o mundo. Estamos aqui, agora, presenciando exatamente isso: o que a gente faz impacta a vida de todo o mundo. Isso é, na verdade, uma metáfora para uma série de coisas, para a preservação do meio ambiente, obviamente, mas também vários outros níveis”, completou.
Sobrevoando é um alento em tempos tão difíceis. “As imagens nos fazem refletir sobre tanta beleza e tanta riqueza, mesmo sabendo que há tantos problemas sociais, econômicos, políticos. Mas, ao mesmo tempo, temos uma potência natural, histórica e cultural na América Latina. É, no mínimo, um convite à reflexão.”
Publicidade
LEIA TAMBÉM: ‘O Chamado da Floresta’ entra em cartaz no Cine Santa Cruz