O youtuber Felipe Castanhari estreia nesta terça-feira, 4, sua primeira série original da Netflix: Mundo Mistério. Em oito episódios que misturam aspectos de dramaturgia e documentário, Castanhari explica temas como os mistérios do Triângulo das Bermudas, a Grande Peste e viagem no tempo. “A série tem como objetivo mostrar que, às vezes, muitos dos mistérios em que a gente adora colocar a culpa no sobrenatural são coisas que a ciência explica”, disse Castanhari, em entrevista ao Estadão.
Em um formato diferente do que os 13 milhões de inscritos do canal Nostalgia estão acostumados, Castanhari conta com o apoio de três personagens, Dra. Thay (Lilian Regina), zelador Betinho (Bruno Miranda) e o supercomputador Briggs (dublado por Guilherme Briggs), para desvendar fenômenos científicos que intrigam a humanidade.
“Eu não queria que fosse 100% infantil, queria que qualquer pessoa pudesse assistir, mas eu sabia que, se fosse só no gênero documental, talvez eu não conseguisse atingir esse público.” Para isso, além da série ter como cenário um laboratório, onde os diálogos entre os personagens acontecem, ele também viaja pelo mundo – das Ilhas Bermudas a castelos europeus, para contar essas histórias em seus locais de origem.
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Entrevista
Como surgiu Mundo Mistério?
A produção durou cerca de dois anos. Comecei a escrever em junho de 2018. Foi um processo bem demorado, bem cuidadoso, e a ideia surgiu com um quadro do meu canal, o Nostalgia Ciência, em que eu explicava, com a ajuda de cientistas, algum tema com animação, de forma mais simples. Fiz um programa mesmo, era baseado em O Mundo de Beakman, que passava na TV Cultura nos anos 1990.
O que você espera que as pessoas absorvam dessa série?
A série tem como objetivo mostrar que, às vezes, muitos dos mistérios em que a gente adora colocar a culpa no sobrenatural são coisas que a ciência explica. Ao meu ver, a ciência é tão interessante quanto o sobrenatural. Eu quis mostrar que você não precisa do sobrenatural para ver entretenimento, mistério, dá para criar interesse só usando a ciência.
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Como foi a participação de profissionais na produção da série?
Para cada episódio, a gente trabalhou com uma empresa de consultoria científica, que fez a pesquisa e a revisão de cada um. São especialistas como historiadores, paleontólogos, pesquisadores de instituições como a USP e a Universidade de Ciências de Lisboa. O nosso objetivo sempre foi informar corretamente. Não é novidade, sempre fiz isso. A polêmica fica nessa questão de extremos e eu condeno os extremos, eles são nocivos. Meu conteúdo nunca foi opinativo, sempre foi informativo. Sempre introduziu assuntos para o grande público.
Qual é a importância de se falar sobre ciência quando ela está no centro do mundo?
Ela sempre esteve no centro do mundo, mas as pessoas não paravam para prestar atenção nisso. Todos os equipamentos que a gente usa hoje são reflexos da ciência. Se não fossem por pesquisadores que conseguiram desenvolver aquilo, a gente não teria conectado a sociedade como conectou e não teria dado acesso à informação para milhares de pessoas.
Como decidiu os temas dos oito episódios? O segundo, sobre a Grande Peste, questiona se uma epidemia poderia mudar o mundo como mudou na Idade Média…
A gente gravou os episódios no começo de 2019, ainda estava longe da pandemia (do novo coronavírus), nem sonhávamos que algo assim poderia acontecer. Escolhi os temas baseado no que a minha audiência pedia. Estou há 10 anos lendo comentários e pedidos de vídeo, então tenho uma boa amostragem do que geraria interesse. A Peste era um dos vídeos mais pedidos, foi dessa forma que escolhi, mas não tinha como imaginar que a gente viveria uma pandemia. É bom para entender como é o efeito de uma pandemia numa sociedade sem vacina, sem higiene, sem saneamento. A gente já está lutando muito com o vírus mesmo com parte da população tendo acesso a saneamento básico, imagina se acontecesse na Idade Média, como foi a Peste? As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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