Regional

Sérgio Rosa lança documentário “O Lado Negro de Venâncio” neste sábado

O ator, produtor, roteirista e escritor venâncio-airense Sérgio Rosa, de 44 anos, lançará o longa O Lado Negro de Venâncio, um documentário com mais de duas horas de gravação que busca contar as diferentes histórias da população negra do município. O evento está previsto para este sábado, 13, com entrada franca, às 19h30, no Clube de Leitura, em Venâncio Aires. Depois da estreia, o grupo planeja levar o documentário a escolas. O material também deve ficar disponível no canal Afro Cena, no YouTube.

Conforme Sérgio, a inspiração da produção foi a realidade sentida, a cada dia, pela população negra. “O documentário surge a partir da crítica sobre a invisibilidade do negro em Venâncio Aires. Nós, negros, não nos percebemos quando o município se divulga nos vídeos institucionais, quando se oferece para a sociedade, nos encartes. Nós não nos vemos na ilustração dessa cidade”, explica Rosa.

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A terceira produção documental de Sérgio envolveu mais de 100 pessoas negras, com produção e entrevistas realizadas durante três meses. Além dele, Jaqueline Santos, produtora cultural, auxiliou na realização e divulgação. Ela, assim como Sérgio, atua na promoção e visibilidade do negro, não só em Venâncio, mas em todo o Estado. “Nossa história está muito dentro da oralidade, temos diversas pessoas negras para contar a própria jornada, mas a história não nos conta. Se nós não falarmos sobre isso, ninguém fala.”

Conforme a produtora, uma das situações que a fizeram enxergar a invisibilidade foi durante um passeio turístico na própria cidade. “Durante a visita foi contada a história do lugar e da região, e não vi a contribuição do meu povo. Será que não fiz parte dessa construção?”, indagou Jaqueline. Segundo ela, foi esse olhar crítico sobre diversas situações similares à descrita que promoveu inquietação para falar a respeito disso.

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Sérgio utilizou vários pontos conhecidos da cidade para a gravação. Um dos ambientes escolhidos foi uma casa centenária, no interior do município, que foi construída com mão de obra escrava. “Percebemos a energia do local, as paredes são de pedra, mas eu sinto o que elas me dizem. Ali tem sangue e suor, nós estamos necessariamente nesse espaço”, ressalta.

Em Venâncio, a Associação Négo Futebol Clube Acadêmicos do Samba é um reduto da comunidade negra, mas não foi escolhida para sediar o lançamento por um motivo específico. “Se queremos fazer um enfrentamento ao racismo, nós precisamos ser ouvidos. Para sermos ouvidos não podemos falar apenas dentro dos nossos espaços, por isso, vamos para um espaço com mais de 130 anos, onde certamente, por mais de 100, negros não podiam entrar. Se é pra resistir, vamos resistir em um espaço que é historicamente branco”, explica o produtor.

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Segundo os organizadores, a expectativa é de que o evento seja um marco. “Dos mais de 130 anos do Clube de Leituras, acreditamos que 13 de agosto será o dia que mais terá pessoas negras reunidas em toda a história do clube. Quando as pessoas da geração futura pesquisarem sobre o negro em Venâncio, verão um momento histórico.”

Confira o trailer:

Afrocena

O Afrocena foi um grupo de atores negros do qual Sérgio fazia parte. Existiu durante quatro anos, entre 2008 e 2012, nas mais diversas vertentes da arte. Nesse período de atuação foram lançados livros, três filmes e diversas peças teatrais. Além disso, na época, a equipe realizou por três anos uma semana cultural, que contou com a participação de artistas de todo o Brasil.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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