Apesar do clima incendiário, o deputado federal Marcelo Moraes e o ex-deputado Sérgio Moraes defenderam cautela quando questionados sobre a permanência do grupo no PTB. Segundo Marcelo, uma possível desfiliação “não está na pauta”. “Não é isso que está se discutindo. Mais à frente, pode-se discutir”, comentou.
Sobre as declarações feitas pelo presidente nacional da legenda, Roberto Jefferson, Marcelo disse concordar com ele em relação ao fechamento da economia e alegou, inclusive, ter levado essa posição diretamente ao vice-governador Ranolfo Vieira Júnior. “É um absurdo fechar as portas do Estado como o governo está fechando. Se o Estado mantém a estatal dos pedágios aberta e arrecadando porque precisa de recursos, como pode impedir que pais de família trabalhem para ter renda?”, questionou.
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Marcelo, porém, disse discordar da forma como Jefferson se manifestou. “Existem mil maneiras de falar a mesma coisa, e ele escolheu a pior de todas. Assim acabou até perdendo a razão. Não havia a menor necessidade daquilo.”
Na mesma linha, Sérgio classificou a situação como uma “saia justa terrível” e disse que tentará conversar com Jefferson, mas recomendou que a situação seja analisada com calma. “Eu sugeri cautela, que todos vão para casa por uns 15 dias e depois conversamos com as bases”, afirmou. Segundo Sérgio, que considera muito provável a saída de Ranolfo e de outros deputados do partido, vários aspectos precisam ser considerados, inclusive a possibilidade dessa debandada ameaçar a reeleição de Marcelo e Kelly no ano que vem. Por outro lado, na hipótese de uma desfiliação, o PTB poderia pedir a perda dos atuais mandatos.
Embora se diga amigo de Jefferson, Sérgio também condenou a postura do líder nacional. “Não concordo com o ataque. Não precisa isso”, disse.
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A crise deflagrada no PTB do Rio Grande do Sul teve início a partir de declarações ofensivas feitas por Jefferson contra o governador Eduardo Leite (PSDB) e o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior (PTB). Os ataques ocorreram durante uma entrevista de Jefferson à Rádio Bandeirantes, na qual criticou as restrições impostas pelo governo estadual às atividades econômicas em razão do agravamento da pandemia.
Ainda na segunda-feira, 15, o líder do partido no município, Marco Borba, e os deputados Kelly Moraes e Marcelo Moraes conversaram sobre a situação. O PTB é uma das principais forças da política santa-cruzense há décadas. Além de ter governado o município em três oportunidades e possuir uma das maiores bancadas na Câmara de Vereadores, o diretório mantém há vários anos representação tanto na Assembleia Legislativa quanto na Câmara Federal.
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Em um áudio no qual comenta a contenda com o PTB gaúcho, Roberto Jefferson faz rasgados elogios à família Moraes e lamenta um eventual afastamento deles do partido. Na gravação, que circula em grupos de integrantes da legenda, Jefferson faz críticas a deputados petebistas do Rio Grande do Sul, mas refere-se a Kelly, Marcelo e Sérgio Moraes como pessoas “de caráter” e “firmes”.
A Gazeta do Sul teve acesso ao áudio. Jefferson inicia afirmando que já acionou a Justiça Eleitoral para destituir a direção do partido no Estado. “Fico triste só pela Kelly Moraes e fico triste pelo Sérgio Moraes. São pessoas que eu gosto”, diz. E acrescenta: “Esses têm caráter, são firmes, tanto a Kelly quanto o Marcelo”.
Na sequência, ele dispara contra os deputados Maurício Dziedricki, Ronaldo Santini e Luis Augusto Lara, usando termos como “falsinho” e “fraquinho de caráter”, e desdenha de uma possível desfiliação deles. “Isso daí não tem importância, esses já vão com Deus. Só sinto, de coração, pela Kelly, que eu tinha como irmã, e pelo Marcelo, que é homem, igual ao pai dele. São homens. Não querem cargo, não se metem com nomeação. São diferentes, gente da melhor qualidade. É uma pena”, comentou.
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Conhecido por ter denunciado o escândalo do mensalão em 2005, quando era deputado federal, Jefferson foi próximo ao clã Moraes durante vários anos e esteve em Santa Cruz em mais de uma oportunidade. Uma delas foi em 2008, meses antes da eleição municipal vencida por Kelly. A outra foi em 2016, em um ato da campanha de Sérgio a prefeito.
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