Coube a mim buscar o resultado do teste de gravidez. Era 2 de março de 2016. Naquela tarde de calor, o tempo passou diferente. Eu ansioso na redação, a Verushka inquieta no trabalho à espera da resposta. Chegou a hora marcada e, como estava mais perto, fui caminhando até o laboratório na esquina da Ramiro Barcelos com a Ernesto Alves.

Solicitei o laudo e a atendente deu o comando de impressão. Antes de colocar a folhinha no envelope, ela passou os olhos para verificar as informações. A expressão, por mais discreta que fosse, me fez antever o resultado. Atravessei a rua, sentei na mureta do prédio do INSS, peguei o telefone e fiz a ligação para a Verushka.

– Posso abrir?

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– Sim!

Estava trêmulo. Mal podia esperar. Fui narrando o passo a passo até que li: POSITIVO! Dali para a frente foi um misto de emoções e expectativas. Compartilhamos a notícia com a família e comemoramos muito.

Meu pai estava passando pelo tratamento de radioterapia. Vinha quase todos os dias de Cachoeira com a mãe e eu aproveitava para ir vê-los. Cheguei à lancheria do hospital e ele tirou do bolso R$ 50,00 para “ajudar” no lanche, como gostava de dizer. Respondi que aquele dinheiro seria guardado para comprar fraldas.

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Ele estava cansado das viagens, já pensando em desistir do tratamento. Mas saber que seria vovô novamente depois de 18 anos se transformou em esperança e força de vontade para enfrentar a doença. E foi a esperança que moveu toda a família nas semanas seguintes.

O tempo seguiu seu curso e chegou o dia 20 de outubro. Depois de semanas de chuva e turbulência política nacional, amanheceu ensolarado. Exatamente às 8 horas Antônio veio ao mundo. Forte, saudável e lindo como escrevi na postagem à época. Ele nasceu e Verushka e eu nascemos como uma nova família. É clichê, mas é a mais pura verdade.

Parece que foi ontem que dei o primeiro colo, troquei a primeira fralda e vi o primeiro sorriso sem dentes… Teve noites em claro e momentos de aflição, como no dia em que ele fraturou a clavícula ao cair de um brinquedo na escola. Mas para cada situação assim, foram incontáveis satisfações. Algumas lembranças se perderam e deram lugar a outras.

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O que não se apaga é a emoção de ser pai. Ser pai é um pouco de tudo: alegrias, angústias, tensões, às vezes medo. É também descobrir que somos capazes de muito mais do que poderíamos imaginar, seja ficando horas tentando entender quem são os personagens do novo desenho animado, seja conversando, aconselhando, preparando o bolo de cacau que ele tanto adora ou simplesmente dando um abraço para ajudar a acalmar o coração. Nos tornamos mais fortes, seletivos, compreensivos e conscientes de que aquela criaturinha depende de nós.

Enquanto pai, faço minha parte. Nem sempre como gostaria, mas todos os dias procuro entregar o melhor. Tem vezes que é complicado diante das birras que fazem parte do crescer. Nos questionamos se estamos no caminho certo e a resposta quase sempre é inconclusiva. É isso que torna tudo tão especial, ainda mais quando vem acompanhado de um bilhete cheio de carinho, um abraço apertado e um “te amo, pai”. Obrigado por me acompanhar e proporcionar esta jornada incrível, Antônio. Te amo, filho!

*Meu pai, seu João, partiu em março de 2020 quando o mundo ainda tentava entender a pandemia. Saudade!

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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