No segundo dia de atividades do Seminário Institucional da Univates, evento voltado a docentes e gestores da Instituição, Paulo Monteiro Vieira Braga Barone, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e recém-nomeado secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC), palestrou sobre inovação no ensino superior. Também foram convidados para o evento reitores de diversas universidades, que estiveram representando importantes entidades das Instituições de Ensino Superior Comunitárias (Ices).
No início de sua fala, Barone destacou a importância das comunitárias estarem em diálogo permanente com o MEC. “É importante que as políticas públicas não se sobreponham às políticas já desenvolvidas pela sociedade. Por isso, vamos discutir com as universidades comunitárias, municipais, estaduais e federais a expansão das políticas para o ensino superior no Brasil. O diálogo e a interlocução permanente com as instituições serão a base da Secretaria”, pontua o secretário. Para ele, as comunitárias têm desempenhado um papel importante para as comunidades regionais, promovendo desenvolvimento econômico, social e cultural e atendendo a demandas locais que o esforço federal não consegue atender. “Em um país como o Brasil, a educação faz parte de um quadro de desigualdade, o que não nos permite desenvolver um padrão de qualidade necessário para melhoria social. Temos que distribuir para todos com qualidade aquilo que conseguimos oferecer para poucos. A educação superior no Brasil é insatisfatória tanto na quantidade quanto na qualidade de cursos. Precisamos em conjunto melhorar as ofertas de formação”, defende Barone.
Para ele, um país com baixa escolaridade compromete o desenvolvimento de toda a sociedade. “No Brasil, a população adulta com formação superior é muito baixa, mais baixa que parceiros internacionais importantes do país, inclusive países vizinhos”, analisa. Para Barone, programas como o Prouni e o Fies foram e são importantes mas não resolvem o grande problema de acesso à educação. “Muitas questões precisam ser enfrentadas: a fonte dos recursos, a distribuição e responsabilidades, tudo isso deve entrar em pauta na discussão dos programas, para atender a diferentes e importantes áreas de formação e segmentos. São elementos que estão sendo considerados no redesenho de uma nova política para o Fies”, explica o secretário.
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Outro aspecto abordado foi a questão da avaliação. “A avaliação na pós-graduação tem uma história de 40 anos, na graduação estamos com quase 30 anos de caminhada. Hoje o MEC avalia cursos, diplomados e instituições. Esse sistema é grandioso: já tivemos em nosso banco mais de 11 mil avaliadores. Temos um sistema de grande porte, com uma operação complexa que, no entanto, tem muitas limitações”, analisa Barone. Para o secretário, o sistema não recompensa universidades de alto padrão, não criando diferenciais para as instituições que se destacam pela qualidade. “Reconhecemos que o sistema de avaliação hoje é reducionista, não respeitando a singularidade de cada instituição e funcionando, muitas vezes, como um freio de mão. Isso está sendo visto e analisado no Ministério. A avaliação não deveria ser um limitador para a inovação”, finaliza.
Comunitárias participam do evento
A mesa oficial do evento deu visibilidade à pluralidade do ensino comunitário no país. Além do reitor da Univates, professor Ney José Lazzari, que presidiu o Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung) de 2008 a 2015, estiveram presentes a segunda vice-presidente do Comung, Carmen Lucia de Lima Helfer, reitora da Unisc, representando a entidade; o vice-presidente da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc) e reitor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Mário Cesar dos Santos; o presidente da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec) e reitor da Unilasalle, irmão Paulo Fossati; e o presidente da Fundação Vale do Taquari de Educação e Desenvolvimento Social (Fuvates) e vice-reitor da Univates, professor Carlos Cyrne.
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Integrado por 15 instituições de ensino, o Comung é o maior sistema de educação superior em atuação no Rio Grande do Sul. As instituições que formam o Comung representam uma verdadeira rede de educação, ciência e tecnologia que abrange quase todos os municípios do Estado. O Consórcio atende a mais de 50% dos universitários gaúchos, oferecendo 1.489 cursos de graduação e de pós-graduação. São 202 mil alunos, atendidos por mais de 9 mil professores e de 11 mil funcionários.
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