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Seminário debate reservação de água e irrigação

Foto: Alencar da Rosa

Anfiteatro da Unisc sediou o seminário proposto pela Assembleia Legislativa. Encontro ocorreu durante toda a manhã de sexta-feira

Anfiteatro da Unisc sediou o seminário proposto pela Assembleia Legislativa. Encontro ocorreu durante toda a manhã de sexta-feira

A Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) sediou na sexta-feira, 27, mais uma edição do projeto Encontros do RS Sustentável – Cada Gota Conta: Reservação de água, irrigação e piscicultura. Proposto pela Assembleia Legislativa (AL/RS), o evento foi realizado no anfiteatro do bloco 18 da instituição. Reuniu líderes políticos e especialistas que trataram sobre os recursos hídricos e a importância de preservá-los para garantir o desenvolvimento sustentável do Estado frente às dificuldades climáticas cada vez mais recorrentes.

A temática da reservação de água e da irrigação é um dos marcos do mandato do deputado estadual Adolfo Brito (PP) enquanto presidente da AL. Outro encontro semelhante já havia sido realizado em Sobradinho, no Centro-Serra, e o próximo está marcado para 25 de outubro em Panambi, na Região das Missões.

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Durante seu pronunciamento inicial, Brito voltou a usar o exemplo de Israel, país localizado em uma região árida e com baixa incidência de chuvas ao longo do ano, mas que investe muito em sistemas de armazenamento e reaproveitamento de água. E, assim, consegue atender à demanda.

“Aqui chove o ano inteiro e nós não pensamos em guardar essa água, então quando enfrentamos um período de estiagem, todos são impactados negativamente”, afirma o parlamentar. Entre 2020 e 2023, lembrou Brito, o Estado enfrentou estiagens consecutivas que provocaram grandes prejuízos aos agricultores.

Além disso, em razão da quebra da produção, o Brasil precisou importar produtos dos quais tem plena capacidade de produção, como o milho. Demonstrou ainda preocupação com a sucessão rural. “Sobretudo nos municípios do interior, quando a safra é frustrada, o jovem acaba indo embora do interior.”

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O objetivo desse circuito de eventos, realizado em diferentes regiões gaúchas e proposto por Brito, é mudar a legislação para criar condições mais favoráveis ao armazenamento de água e uso de sistemas de irrigação pelos produtores. “Vejo que o Rio Grande do Sul perdeu muito tempo – nos últimos dez anos foram cinco safras perdidas porque enfrentamos problemas com a seca”, ressaltou.

Ainda assim, o deputado vê significativos avanços nessa área com o apoio do Executivo estadual e demais instituições. “Todos estão mobilizados em viabilizar a irrigação para que a gente não perca mais do que já perdeu.”

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Representante da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Paulo Lipp João enfatizou que o agronegócio representou 40% do Produto Interno Bruto (PIB) e 76% das exportações gaúchas no ano passado. “Se a gente olhar o PIB desde 1986 vamos ver que é como um eletrocardiograma, ele sobe e desce conforme as chuvas no verão”, observou.

Com exceção do arroz, a grande maioria das culturas é cultivada em regime de sequeiro e depende das precipitações para ter produtividade. Hoje, pouco mais de 300 mil hectares são irrigados no Estado, frente aos mais de 7 milhões de hectares plantados.

Painelistas trazem diferentes pontos de vista

Após as saudações iniciais, quatro painelistas foram convidados a contribuir. São eles: José Enoir de Stefani Daniel, engenheiro agrônomo e técnico da Assembleia Legislativa; Cássio Alberto Arend, doutor em Direito Ambiental e professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc); Idioney Oliveira Vieira, doutor em Ciências Jurídicas e presidente do Fórum dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) do RS; e Alexandre Hahn, técnico em agronegócio da PSK Consultoria Ambiental.

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O que disseram

JOSÉ ENOIR DE STEFANI DANIEL

Afirmou que o Rio Grande do Sul tem disponibilidade de água e capacidade para irrigar pelo menos 2,3 milhões dos 7 milhões de hectares plantados anualmente nas culturas de verão. O especialista usou o Lago Prefeito Telmo Kirst como exemplo de reservação de água para abastecimento da população e chamou a atenção para a falta de açudes no interior. Detalhou ainda a precipitação anual no Estado, na ordem dos 1.500 milímetros, e afirmou que se apenas 200 milímetros desse total fossem reservados e usados para irrigação complementar à chuva, o problema seria resolvido.

CÁSSIO ALBERTO AREND

Conduziu a apresentação com base nas legislações vigentes e evidenciou a necessidade de gestão do meio ambiente de maneira compartilhada entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil organizada. Falou sobre a importância de uma atuação conjunta dos municípios que integram as bacias hidrográficas e a ausência de uma cultura cooperativa entre os entes estatais em torno da preservação e bom uso dos recursos hídricos. Por fim, pediu alterações na legislação e nas políticas públicas para que estejam mais alinhadas às mudanças climáticas.

IDIONEY OLIVEIRA VIEIRA

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Destacou a importância do trabalho conjunto entre os Coredes, governo do Estado e municípios para a reconstrução do Rio Grande do Sul após as chuvas e para a criação de áreas alagáveis que possam ser usadas tanto para conter a água e impedir inundações como para a irrigação. Defendeu ainda uma maior participação das universidades, que podem contribuir com conhecimento técnico e pessoal qualificado, bem como a melhoria nos sistemas de monitoramento de precipitações para aumentar a precisão das análises.

ALEXAHDRE HAHN

Enfatizou que os agricultores estão preocupados com o meio ambiente e a reservação de água, mas precisam de ajuda do poder público, seja por meio dos órgãos competentes ou com legislações simplificadas. O alto custo de instalação, a baixa disponibilidade de energia elétrica e a demora dos processos de licenciamento e outorga são alguns fatores apontados por ele como limitadores do uso da irrigação no Estado. De maneira geral, pediu mais agilidade para análise e liberação dos processos.

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