Um fato curioso tem motivado receio na população e nas autoridades agropecuárias. Pequenas embalagens contendo sementes, geralmente sem nenhuma identificação, têm vindo para o Brasil junto com encomendas de outros produtos enviados predominantemente da China, mas há também registro de outros países. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) já emitiu comunicado em que afirma estar ciente da situação e orienta para que as pessoas não abram os pacotes nem façam o plantio dessas sementes.
O que chama a atenção é justamente o fato de esse envio ocorrer sem nenhum pedido, vindo acompanhado dos mais diversos produtos. Conforme o chefe da Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria Estadual da Agricultura, Ricardo Felicetti, a situação exige atenção. “Causa preocupação, principalmente porque o recebimento é de pessoas que não solicitaram nenhum tipo de produto nesse sentido”, salienta.
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A situação já foi registrada em vários estados brasileiros e está sendo acompanhada pelas autoridades. Normalmente transparentes, as embalagens contêm pouca ou nenhuma informação acerca do seu conteúdo. “Sem dúvida, são sementes que não passaram por controle de qualidade, pelo menos em nível nacional. Portanto, é bem estranha a situação e há riscos envolvidos”, afirma Felicetti.
Ele acrescenta que cultivar espécies que vieram de outros países pode não parecer um problema, mas pelo fato de serem plantas exóticas, que não fazem parte do ecossistema, podem facilmente tornar-se pragas, por não possuírem inimigos naturais.
Felicetti lembrou que pode haver ainda micro-organismos acompanhando essas sementes, capazes de interferir nas lavouras e causar prejuízos. Um exemplo de situação semelhante é a do capim annoni, espécie nativa da África que foi importada para o Brasil na década de 1970 e se tornou uma praga, sem solução até hoje.
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Ele reforçou o pedido a quem receber essas embalagens que não abra, nem plante as sementes ou jogue no lixo. A orientação é entregar os pacotes no escritório da Inspetoria de Defesa Agropecuária. Em Santa Cruz do Sul, o órgão fica na Avenida João Pessoa, 199.
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Caso suspeito em Santa Cruz
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A aposentada Jurema Barbosa pensou ter recebido um desses pacotes misteriosos. Em maio, seu esposo Celso Barbosa comprou um barbeador, que foi entregue em julho. Entretanto, cerca de dois meses depois, um novo pacote chegou à residência. Era o estojo do barbeador, e junto com ele havia uma pequena embalagem cor-de-rosa, com um conteúdo que não podia ser verificado sem violar o recipiente, mas com um som que remetia a sementes. A aposentada procurou as autoridades municipais e foi orientada a entregá-lo na Inspetoria de Defesa Agropecuária.
A reportagem da Gazeta do Sul foi à residência do casal e analisou a embalagem. A impressão passada pelo som emitido do pacote dava a entender tratar-se realmente de sementes. Entretanto, em uma breve investigação na internet, constatamos que se trata, na verdade, de um sachê perfumado, disponível para venda em diversos sites e que, provavelmente, foi enviado como um brinde.
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