Na semana de 23 a 27 de novembro de 2020, ocorreu a 7ª Semana Nacional de Educação Financeira (Semana Enef). É uma iniciativa do Comitê Nacional de Educação Financeira para promover a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), com ações de educação financeira, securitária, previdenciária e fiscal no Brasil. Durante uma semana, instituições financeiras, centenas de cooperativas, escolas, ONGS, especialistas e diversas entidades realizaram atividades para educar financeiramente as pessoas.
O objetivo da Enef, criada através do Decreto Federal nº 7.397/2010, e renovada pelo Decreto Federal nº 10.393, de 09/06/2020, é contribuir para o fortalecimento da cidadania ao fornecer e apoiar ações que ajudem a população a tomar decisões financeiras mais autônomas e conscientes. A Enef reúne representantes de oito órgãos e entidades governamentais que, juntos, integram o Fórum Brasileiro de Educação Financeira.
Para se ter uma ideia do crescimento da Semana Enef, na primeira edição, realizada em 2014, houve apenas 170 iniciativas; no ano passado, já foram 15 mil, atingindo cerca de 70 milhões de pessoas. Neste ano, em função da pandemia do coronavírus, talvez os números sejam menores.
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Pela mesma pandemia, também ficou prejudicada a implantação da Educação Financeira na grade de disciplinas das escolas brasileiras, a partir deste ano de 2020, conforme determinação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Muitas pesquisas sobre educação financeira publicadas nos últimos anos buscam identificar a validade desses programas e principalmente se a educação financeira realmente funciona. Nesse sentido, Thiago Godoy, head de educação financeira da XP Inc e especialista em psicologia do dinheiro e bem estar financeiro, publicou, em 19 de novembro, o artigo “A Educação Financeira funciona?”. Nesse artigo, o autor cita o estudo da dra. Annamaria Lusardi, diretora do Centro de Letramento Financeiro da George Washington University (GFLEC), dos EUA, que contatou que:
1º – Há evidências claras de que a educação financeira não só afeta o conhecimento financeiro como, também, o comportamento financeiro;
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2º – A educação financeira faz diferença na vida das pessoas;
3º – Diferente de outras matérias que em pouco tempo são esquecidas, o aprendizado da educação financeira é levado pela criança e pelo jovem para a sua vida adulta.
Muitas pessoas, inclusive especialistas, falam em finanças pessoais e educação financeira como se fosse a mesma coisa. Finanças pessoais trata de técnicas como saber fazer alguns cálculos, pesquisar preços, preparar e seguir um orçamento doméstico, conhecer produtos financeiros e melhores estratégias de investimento, evitar o endividamento, etc. Enfim, o eixo principal é o consumo consciente. Mas, o consumo consciente pode dar a impressão de uma estabilidade falsa: o que se ganha, é gasto.
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A educação fnanceira, por sua vez, inclui as técnicas das finanças pessoais e vai além. Na definição de Reinaldo Domingos, mentor da DSOP Educação Financeira, “educação financeira é uma ciência humana que busca a autonomia financeira, fundamentada por uma metodologia baseada no comportamento, com o objetivo de construir um modelo mental que promova a sustentabilidade, crie hábitos saudáveis e proporcione o equilíbrio entre o SER, o FAZER e o TER, com escolhas conscientes para a realização de sonhos.”
Um dos principais objetivos da educação financeira é ajudar as pessoas a estabelecer uma relação mais saudável com o dinheiro. Mas não é só isso. Trata-se de uma ciência que pretende promover uma mudança de comportamentos, hábitos e costumes em relação dinheiro. O objetivo da educação financeira, portanto, não é apenas o consumo consciente, mas a realização de sonhos.
A educação financeira também se aprende? Ou seria aquele tipo de conhecimento ou habilidade que alguns têm, outros não? Como dito anteriormente, há estudos que mostram os ganhos da educação financeira na vida das pessoas. Além disso, a partir deste ano, as crianças e jovens brasileiros aprenderão educação financeira nas escolas. E quem já passou dessa fase da vida e, como costuma-se dizer, precisa “matar um leão a cada dia” para dar conta de suas necessidades e compromissos financeiros?
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Todos podem aprender a administrar bem o seu dinheiro. O passo fundamental é conscientizar-se de que isso é possível e, em muitos casos, como a atual pandemia mostrou, necessário. Muitas vezes, é um desafio que exige uma mudança pessoal, o que geralmente não é fácil, como em qualquer área da vida. Olhar a situação com clareza, maturidade e decidir construir dias mais tranquilos e saudáveis são atitudes que podem ajudar a vencer esse desafio.
Dicas adquiridas em artigos de jornais ou revistas, em sites da internet, até em livros, palestras, cursos, workshops, etc., são importantes e podem, pelo menos, despertar o interesse e ações para lidar melhor com o dinheiro. Sim, em alguns casos, é preciso buscar ajuda de especialistas, como se faz em qualquer área de nossa vida, seja na saúde, na manutenção da casa ou no conserto do carro.
Das muitas estratégias de recuperação econômica pós Covid-19, uma delas, certamente, é iniciar ou melhorar nossa educação financeira. Seja nas escolas, nos ambientes de trabalho, em diversos formatos e para diferentes públicos. Trata-se de uma ferramenta para nos ajudar no presente e nos deixar melhor preparados para o futuro, não só para a longevidade financeira, mas, também para enfrentar crises de mais ou menos gravidade.
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