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Semana foi a com mais danos desde o início da safra

Desde o último domingo, o granizo provocou danos nas lavouras de 6.838 produtores de tabaco dos três estados do Sul. Os dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) apontam que essa foi a semana com maiores prejuízos desde o início da safra. O coordenador de pesquisa e estatística da Afubra, Alexandre Paloschi, afirma que os números podem aumentar ainda mais. Durante a semana, o trabalho dos avaliadores concentrou-se no Paraná e em Santa Catarina. A partir de segunda-feira, a equipe inicia o levantamento no Rio Grande do Sul.

O coordenador prevê que o trabalho de avaliação dos prejuízos será feito ao longo de dez a 14 dias, com condições climáticas favoráveis. Ele pede paciência para os agricultores, por causa da grande quantidade de propriedades atingidas, mas assegura que todos os associados que encaminharam o comunicado de danos à Afubra serão atendidos. Observa que houve registro de queda de granizo em praticamente todos os dias da semana.

As áreas mais atingidas estão nas regiões das unidades da Afubra de Rio Negro (PR), com 1.482 associados prejudicados; Santa Cruz do Sul, com 936; Sobradinho, com 718; Rio do Sul (SC), 693; Ituporanga (SC),  671; Imbituba (PR), com 671, e Venâncio Aires, com 490. De acordo com relatórios preliminares, afirma Paloschi, os maiores prejuízos foram verificados em Ituporanga e Rio do Sul, onde o cultivo encontra-se em estágio mais avançado de desenvolvimento.

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O excesso de chuva vai aumentar o custo dos produtores diante do processo de lixiviação. Com isso, os agricultores terão que repor o adubo nas lavouras. Os ventos fortes causaram o destelhamento de pelo menos 15 estufas. No entanto, os prejuízos não são expressivos, porque ainda não havia tabaco em processo de secagem nas estruturas. (Com informações de Otto Tesche, Cristiano Silva, Maria Regina Eichenberg e Ronaldo Falkenback.)

Mais afetados
Desde o início da safra, 11.737 lavouras de tabaco tiveram prejuízos com granizo. O número supera o mesmo período do ano passado, quando houve o registro de 9.141 áreas atingidas.

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Localidades ainda sem energia
Alto Boa Vista, no interior de Santa Cruz do Sul, segue parcialmente sem luz desde a manhã de terça-feira, por causa do temporal. A Gazeta do Sul de sexta-feira contou o drama vivido pelo casal Müller, morador da localidade, que se viu obrigado a puxar um rabicho da casa da vizinha – do outro lado da estrada – para atender a demandas de saúde. Ênio Müller, de 72 anos, precisa de energia elétrica para ligar os equipamentos de oxigênio e nebulização que utiliza, após duas cirurgias na garganta para a retirada de tumores. Em contato com a Gazeta na noite dessa sexta, Noemia Müller, esposa de Ênio, contou que o marido viu técnicos da RGE trabalhando no transformador estragado, nas imediações da igreja católica da localidade. Contudo, eles foram embora sem que a luz retornasse. Conforme relatos de moradores, outras localidades do interior, como Alto Paredão, Rio Pardinho, São Martinho e Boa Vista, também estão parcialmente sem luz.

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Chuvas bem acima da média
Foi o segundo mês de outubro mais chuvoso de Santa Cruz do Sul. As anotações dos dados de chuva no município começaram em 1914, pelo Serviço de Meteorologia do Ministério da Agricultura, e encerraram-se em 1968. A partir de 2004, as informações passaram a ser catalogadas pela Estação Meteorológica da Unisc.

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Conforme o professor de Agrometeorologia da universidade, Marcelino Hoppe, outubro deste ano terminou com acumulado de 405 milímetros. O maior registro da história foi em 2015, com 451 milímetros. Para Hoppe,  confirma-se a tendência de mudança na distribuição de chuva, com mais precipitação na primavera e verão e menos no inverno. A média mensal histórica de chuva, segundo ele, era de cerca de 145 milímetros. Desde 2004, passou para 200 milímetros. “Esse fenômeno pode estar condicionado ao aumento da temperatura no globo”, avaliou. O mês também quebrou recorde de temperatura máxima. Conforme Hoppe, o dia 12 de outubro teve máxima de 39 graus, às 15 horas. “Essa máxima nunca havia sido registrada em outubro.”

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