Semana da Imigração – Legado

Em tempo de celebrações da presença alemã em nossa região, volvo um olhar para tradições presentes em Santa Cruz e na Alemanha. Muito do que cultivamos aqui veio a nós por meio do processo imigratório. Em meus muitos mergulhos na cultura alemã, pude vivenciar como essas tradições se fazem presentes na Alemanha contemporânea. Por exemplo, os Verein – associações. Inúmeros Verein conheci por lá. Aliás, os alemães se unem em Verein para tudo e, por meio delas, se irmanam e unem esforços por objetivos comuns ou cultivam atividades que lhes são caras, como música, canto, flores, esporte etc. A propósito, em Santa Cruz foi fundado o primeiro Verein de tiro ao alvo/Schützenverein do Rio Grande do Sul, o Schützengilde, em 1863. De acordo com Heitor Schuch, em A cultura através dos tempos, existem 265 associações no Vale do Rio Pardo.

Para além da língua alemã, diversas tradições se fazem presentes lá e cá, como o Maibaum/árvore de maio, as formas de celebrar páscoa, colorir ovos de aves; ovos coloridos em galhos ou arbustos/Osterzweig, ou Osterbaum, o hábito de procurar ninhos… Por lá também participei de festas em bairros e de Kirmessen/quermesses, muito presentes entre nós.

Entre os muitos eventos tradicionais que vivenciei em terras germânicas, sem dúvida, são as tradições que envolvem o tempo natalino as mais celebradas e as mais presentes em Santa Cruz, por herança dos imigrantes. Só para citar algumas: Kerzenschein – luz de velas; Christbaum – pinheiro enfeitado com bolas vermelhas – as precursoras eram pequenas maçãs; Adventskranz – coroa de advento; Weihnachtskonzert – concerto natalino; Weihnachtslieder – a Alemanha é rica em cantos natalinos, muitos deles estão presentes nas igrejas, nas famílias; Weihnachtsmarkt – feira natalina; Christstollen – manto de cristo, a cuca natalina alemã; Weinachtsplätzchen – bolachinhas natalinas em variadas receitas e formatos. Ah, e nas TVs alemãs, filmes natalinos, contos de fadas, concertos natalinos, shows de música popular natalina. Até mesmo nos noticiários, coroas natalinas e velas se fazem presentes nas mesas dos apresentadores.

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Em todas as famílias, em que vivenciei Natal, encontrei no centro das atenções o pinheiro com luz de velas e presépio. Na Alemanha há grandes plantações de pinheiros, cultivados exclusivamente para o Natal. Por lá, os pinheirinhos de plástico não são bem vistos. “Kein anderer deutscher Brauch hat in der Welt eine solche Verbreitung gefunden” – Nenhum outro hábito alemão se espraiou tanto no mundo como o pinheiro natalino, conforme o portal para aprendizes da língua e cultura alemã – Der Weg. Em Tübingen, por exemplo, todos os anos é montado um enorme pinheiro junto ao Rathaus – Prefeitura. Esses pinheiros são doados por moradores da cidade.

Na noite de véspera de Natal, conhecida como Heiligabend/ Noite Santa (24.12.), as famílias se reúnem para celebrar, com cantos natalinos, jantar à luz de velas (sem excessos, sem desperdícios – a preferência fica com Kartoffelsalat mit Würstchen/ salada de batatas com linguicinhas grelhadas ou Karpfen/carpas) e entrega de presentes – os feitos artesanalmente em casa são muito apreciados. Também participei de cultos – Gottesdienst em Heiligabend. Neles cantávamos canções natalinas, luz de vela em profusão e intenso repicar de sinos. Aliás, eis uma diferença fundamental que vivencio em terra alemã: a noite santa é silenciosa, apenas os sinos das igrejas badalam incansavelmente, anunciando o Natal.

O comércio fecha ao meio-dia do dia 24. A tarde é destinada aos preparativos, como a ornamentação da árvore. E não somente o dia 25, mas também o dia 26 é feriado. Dia 25 é celebrado, em muitos lares, com um Gänsebraten, ganso assado. E as visitas em tempo de Advento e Natal são recebidas e presenteadas com pacotinhos de bolachinhas natalinas feitas em casa, assim como fazemos aqui. Tudo isso ilustra um pouco do que Santa Cruz recebeu em herança e como continua presente na Alemanha.

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