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Semana da imigração alemã

Eu fui verdadeiramente aquilatar o valor de ser iniciado no idioma alemão, desde o berço, ao ingressar na Faculdade de Direito da Ufrgs em 1965.

Como já falei nesta coluna, a faculdade era um ninho de águias e havia um verdadeiro culto de muitos professores pelos grandes teóricos do direito romano-germânico. Numa das primeiras aulas, um professor que falava sobre Savigny pronunciou “Volksgeist” (espírito do povo) assim: “volgeist”. Quando terminou a aula, me aproximei do mestre e perguntei se ele se interessava em saber como se pronunciava isso em alemão. O professor, que estudara a matéria em tradução espanhola, concordou. Então lhe disse: é “folksgaist”. O lente me agradeceu muito e desde aí muitos professores me perguntavam como se pronunciava determinado vocábulo alemão.

Hoje posso dizer que, numa banca de exame oral no concurso para juiz de direito, o examinador e eu vivemos uma casualidade. O ponto versava sobre “posse, propriedade e detenção”. Perguntei se poderia iniciar pelo direito romanogermânico. Golaço, nota máxima.

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Quer dizer: em Santa Cruz, quando ainda criança, ouvia, de vez em quando: “alemão batata, come queijo com barata”. Em Porto Alegre, saber alguma coisa de alemão era a glória. Minha mãe gostava muito de cantar hinos religiosos em alemão. Quando eu morava ainda em São Leopoldo, meus filhos estudaram no Colégio Sinodal, onde se ensinava também o alemão. Um dos filhos me disse certa vez: “pai, eu me interesso muito mais pelo inglês, o alemão não serve para nada”. Sempre redarguia com bom humor: “calma guri, o inglês é o alemão mal falado. Um dia o alemão te será útil”.

Bingo. É engenheiro e encontrou colocação numa empresa alemã, onde mora há anos.

Por isso parabenizo a todos aqueles que instituíram a “Semana da imigração alemã de Santa Cruz”.

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O legado que os imigrantes nos deixaram é de infinita valia. Há milhares e milhares de publicações nesse idioma, que sempre nos será útil.

Os idiomas são “seres” vivos, em constante evolução e mutação. Basta se ver o que aconteceu no pós-guerra: uma enxurrada de anglicismos e galicismos.

Nada obsta, portanto, que falando em alemão e não sabendo qual um vocábulo, meta o correspondente em português e “bola para frente”!

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Em nome da família Gessinger, quero agradecer penhoradamente ao meu amigo de infância André Jungblut e aos redatores da Gazeta do Sul pela belíssima e carinhosa matéria sobre o padre Affonso Gessinger, conhecido também por Affonso de Santa Cruz, nascido em Boa Vista, terra linda que ele nunca esqueceu.

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