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Sem ter onde colocar presos, RS vê avanço do crime

Uma facada no peito, durante uma tentativa noturna de assalto, matou o vendedor Luiz Fernando Schilling da Silva, de 29 anos, no Parque da Redenção, região central de Porto Alegre, na semana passada. Horas depois, no bairro Rubem Berta, um dos mais violentos da zona norte da capital gaúcha, Moisés de Almeida de Souza, de 37 anos, corria pela rua perseguido por dois motoqueiros quando foi abatido a tiros, à luz do dia, por volta das 16 horas.

O latrocínio na área nobre da cidade e o homicídio na periferia ampliaram a lista de centenas de mortes violentas que apavoram o Rio Grande do Sul nos últimos meses. Somente na capital, a taxa de homicídios já atinge 43,5 mortes por 100 mil habitantes, mais que o dobro da registrada no Rio (18,5) e quase cinco vezes a de São Paulo (8,8).

“A sensação de insegurança em Porto Alegre é horrível”, resumiu ao Estado Danieli Cariello, moradora do bairro Menino Deus, durante o funeral de Schilling em Novo Hamburgo, a 45 quilômetros da capital, onde o vendedor foi enterrado no feriado da Proclamação da República. Assassinado quando tentava defender a irmã, Franciele, de 25 anos, Schilling deixou dois filhos, Bruno, de 4 anos, e Lucas, de 2. Os dois agressores foram presos na manhã do enterro, mas por outro crime. Eles assaltavam outras pessoas no mesmo parque no qual mataram Schilling.

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A sensação de insegurança, na verdade, já é fato consumado em Porto Alegre. Ela aparece claramente nas estatísticas de crimes. Em 2014, a cidade registrava taxa de 42,4 mortes por grupo de 100 mil habitantes. Em 2015, a matança subiu quase 3%, chegando a 43,5 mortes por 100 mil. Entre as capitais, segundo o Mapa da Violência, Fortaleza foi a que registrou a maior taxa por 100 mil habitantes: 61,9 mortes.

Os números da violência na capital gaúcha não param de assustar. Os dados oficiais do governo do Estado mostram crescimento da violência também no primeiro semestre deste ano. Os registros apontam aumento de 34,8% nos roubos seguidos de morte entre janeiro e junho. Em 2015, foram registrados 66 casos. No mesmo período de 2016, os latrocínios chegaram a 89 registros. Na mesma tendência, os homicídios saltaram de 1.203 ocorrências, em 2015, para 1.371 vítimas em 2016, variação de 14%.

E o drama dos porto-alegrenses só aumenta. A macabra contagem, segundo observadores do Fórum Brasileiro da Segurança Pública, já aponta que, ampliando o prazo para comparações (janeiro a novembro), é possível ver que na capital os latrocínios também explodiram: aumento de 72% em relação ao mesmo período de 2015, quando houve 18 mortos. Schilling, que morava na região metropolitana e perdeu a vida no Redenção, local de diversão e lazer, foi o cadáver de número 31 da cidade neste ano.

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Superlotação

A situação no Rio Grande do Sul é tão grave que atraiu até a atenção da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia. Na manhã de sexta-feira (18), ela baixou em Porto Alegre para uma vistoria de surpresa no superlotado Presídio Central, conhecido no Sul como o “Carandiru gaúcho”, referência à Casa de Detenção de São Paulo, já desativada.

O reflexo da falência do sistema carcerário local já podia ser visto diante do prédio do comando da Polícia Civil, localizado na Avenida Ipiranga. Com os servidores públicos em operação-padrão, em protesto contra o atraso dos salários, que estão sendo pagos em parcelas, e com a carceragem do local lotada, policiais militares que chegam com detidos nos bairros deixam os presos dentro de carros à espera dos trâmites de registro de ocorrência.

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Sem vagas no Presídio Central, na última quarta-feira, por volta de 11h30, um condenado por roubo foragido, recapturado na tarde anterior, dormia algemado no banco traseiro da viatura. “Fugi no semiaberto”, contou o jovem de 20 anos. Estacionado sobre a calçada ao lado, um micro-ônibus do 21.º Batalhão da Brigada Militar servia de cela provisória para outro condenado, capturado na Restinga, zona sul, na madrugada.

Quebra-quebra

Na manhã deste sábado, seis presos detidos no micro-ônibus depredaram o veículo. Eles quebraram vidros, acessórios e retiraram parte do forro dos bancos. Os detidos reclamavam da demora por vagas no sistema penal. Também neste sábado, presos na carceragem do comando da polícia atearam fogo a objetos. A situação foi controlada ainda de manhã. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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