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CONFIANÇA E PROPÓSITO

Sem medo de arriscar: desvendando o ABC do investimento

Foto: Rafaelly Machado

Aline Genehr Kämpf: “A educação financeira deveria estar presente desde cedo nas escolas”

Um bicho de sete cabeças: é assim que muitas pessoas enxergam o mercado financeiro, cheio de nomes, siglas e formatos. Apesar da estrutura complexa que existe em torno das transações e operações financeiras – que realmente pode parecer intimidante ao primeiro olhar –, esse universo tem se tornado cada vez mais próximo da realidade popular, na medida em que os valores de investimento iniciais ficam mais acessíveis aos bolsos. Na realidade de mercado atual, ao contrário do senso comum, não é necessário ter rios de dinheiro para investir. A partir de qualquer valor, já é possível encontrar opções de investimento, e a compreensão sobre o mercado também está mais acessível.

Esse é o entendimento da assessora comercial da Inspira Investimentos (escritório XP Investimentos), Aline Genehr Kämpf. “As pessoas sentem medo do desconhecido. E falar sobre investimentos muitas vezes parece complicado”, afirma a especialista. Aprender a lidar com o assunto de forma mais direta e descomplicada, segundo Aline, pode passar pela realização de cursos, consultoria com uma assessoria especializada ou mesmo pelas páginas dos livros, dos quais ela indica Pai rico e pai pobre, de Robert Kiyosaki e Sharon L. Lechter; O investidor inteligente, de Benjamin Graham; e O mais importante para o investidor, de Howard Marks. “Procuramos sempre ter uma linguagem direta e acessível, evitando ‘economês’”, comenta, justamente para aproximar os clientes do mercado financeiro.

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O incentivo às noções de investimento pode vir de diversas fontes e necessidades. Na casa de Aline, a conversa começou cedo: ela incentiva a filha, de 9 anos, a poupar e investir o dinheiro que recebe na mesada ou como presente. Assim, estimula disciplina e consciência financeira na pequena. Essas características, segundo a especialista, são essenciais. “Ter conhecimento sobre mercado financeiro e seus produtos, ter disciplina para poupar dinheiro, consciência do seu perfil de investidor e ter a noção clara de seus objetivos de vida é fundamental para que qualquer pessoa atinja sua independência financeira de forma mais fácil”, destaca.

O “bicho” já perde uma das sete cabeças quando se tem uma relação saudável e consciente com o dinheiro desde a infância. “Quanto mais cedo, melhor”, lembra a assessora comercial. “Acredito que a disciplina Educação Financeira deveria estar presente desde cedo nas escolas. Somente assim temos a chance de mudar a cultura do nosso país e podemos ensinar os primeiros passos no mundo dos investimentos para as novas gerações”.

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Entretanto, não há motivo para desespero ao se deparar com a área de investimentos como um adulto sem conhecimento de causa. Para garantir que o primeiro passo não seja no escuro, é importante cercar-se de informações. “Estabelecer os seus objetivos de vida, definir prazos para seus investimentos, entender o seu perfil e tolerância a risco, ter paciência para as oscilações do mercado, disciplina e foco no longo prazo são os melhores conselhos”, salienta Aline, que ainda destaca a importância de um profissional especializado. “A saúde financeira também merece atenção profissionalizada. Não importa o valor, não importa a idade, simplesmente comece!”

As mulheres investidoras

Seguindo uma tendência mundial de acesso feminino às áreas ditas “masculinas” no século passado, o mercado financeiro tem aberto as portas para o crescimento – que veio para ficar – do número de mulheres investidoras e especialistas no assunto. Segundo dados da B3, compilados pela XP Inc., citados pela revista Forbes, as mulheres representaram 26,2% dos 3,2 milhões de pessoas físicas cadastradas na Bolsa em 2020. Esse crescimento teve um salto a partir de 2018: no fim daquele ano, eram 179 mil mulheres cadastradas na B3; o número alcançou 1 milhão em maio de 2021.

O perfil de investimento também é diferente quando se fala em mulheres investidoras: em muitas ocasiões, elas consideram propósitos, valores e sonhos ao realizar as aplicações, não levando em conta apenas a rentabilidade da transação em si. “O perfil de mulheres investidoras é o das que buscam e possuem a sua independência financeira. Na maioria, são casadas, com filhos, e trabalham em empresa privada”, conforme a assessora comercial Aline Genehr Kämpf, da Inspira Investimentos (escritório XP Investimentos).

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Foi exatamente a aspiração ao futuro que fez Aline dar os primeiros passos no mercado financeiro. Em 2001, investiu na previdência privada por incentivo da agência bancária onde foi contratada como efetiva, depois de estagiar em outros dois bancos. “Eu estava buscando uma maior tranquilidade no futuro, e até hoje sigo com esse investimento”, comentou. Nos primeiros momentos, fez aplicações arriscadas para o seu perfil, o que hoje considera ensinamentos sobre o mercado. “Ao longo desta jornada, fiz alguns investimentos que não estavam adequados ao meu perfil de tolerância a risco, pois havia uma volatilidade mais alta do que me sentia confortável. Esse foi o meu maior aprendizado. Você deve sempre respeitar o seu grau de tolerância a risco”.

Em 2004, Aline se formou em Administração pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), com certificações CPA 10 e CPA 20. Ao longo da carreira, sentiu a necessidade de se tornar uma especialista na área. O momento-chave aconteceu em 2008, quando ela começou a atender clientes investidores. Depois disso, as especializações e os cursos só agregaram a uma carreira que já despontava: Aline assumiu novos desafios profissionais, formou-se coaching e Xtreme Leader. Depois de oito anos trabalhando no segmento alta renda e investimentos, recebeu o convite para fazer parte do time Inspira Investimentos.

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Os desafios, segundo ela, foram grandes, mas também houve muita receptividade e aprendizados. “Certo dia, quando encerrei meu ciclo de 19 anos em um grande banco, recebi um áudio de uma cliente muito querida, que dizia: não é a marca X ou Y, e sim a marca Aline que você carrega. Entendi naquele momento que as pessoas confiavam na minha pessoa, no meu trabalho e no meu propósito”. E esse propósito segue claro e forte, tal qual sempre foi: ser e entregar o seu melhor para auxiliar as pessoas a atingirem seus objetivos de vida.

Desvendando os termos

O mundo dos investimentos pode se tornar ainda mais desafiador em função dos diversos termos técnicos e siglas usados – o famoso “economês”. Já que algumas palavras estarão presentes diariamente na vida do investidor, é importante buscar compreender os termos. “Saber o Benchmark (índice de referência) que será utilizado no investimento já é um ótimo começo. Os mais comuns são: CDI (atrelado a taxa SELIC/taxa de juros), IPCA (índice de inflação), e para renda variável, o IBOVESPA. Em relação a produtos podemos citar CDB, LCI e LCA entre os ativos de emissão bancária”, listou a assessora comercial Aline Genehr Kämpf. “Mais importante que saber as siglas é entender se o investimento está alinhado com seu objetivo e está atendendo o propósito de gerar ganhos reais (rendimentos acima da inflação)”.

Os desafios do empreendedorismo

Se o mundo financeiro historicamente apresentou obstáculos às mulheres, o universo empreendedor não foi diferente. Os avanços nessa área também foram conquistados a duras penas na luta das mulheres para tomarem as rédeas das próprias vidas financeiras. E, mesmo que os desafios ainda sejam muitos, imagine o abismo social que existe nos 35 anos que separam Áurea Helena Kops Binz, de 61 anos, e Andrielli Pereira Sagrillo, de 26. As duas santa-cruzenses fazem parte de um grupo cada vez maior de mulheres líderes e empreendedoras, que abrem caminhos às próximas gerações, enfrentando desafios diferentes, mas com propósitos parecidos.

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Áurea Binz, sócia e diretora da Sulprint Embalagens Industriais, iniciou a caminhada na empresa ao lado do então noivo e hoje esposo, Paulo Fernando Binz, e do sogro, Arno Carlos Binz. No começo, trabalhou voluntariamente, de forma integral, em questões administrativas da companhia. Ao se tornar sócia do negócio, em 1982, enfrentou desafios e desenvolveu processos necessários. “Fiquei 12 anos no departamento de pessoal, com filhos pequenos. Foram os mais duros e longos anos da minha vida”, comenta.

À época, a empresa passou por intensos períodos de inflação alta, melhoria de produtos e processos, um grande incêndio e um vendaval – este último, em 1988, destruiu toda a área fabril. Foram obstáculos superados “com muita persistência”, segundo Áurea.

Empreender, para ela, é uma arte. “Envolve atitude, coragem, fé, sonho, persistência, resiliência, propósito, postura perante os desafios, necessidade, resolver as dores”, diz. “Os 44 anos da Sulprint me trouxeram muito conhecimento e experiência do que fazer e do que não fazer. Porém, como minha personalidade está em desenvolver pessoas, desenvolvi nesse caminho um processo muito grande de resiliência”. Sobre os desafios enfrentados por ser mulher, Áurea lembra das décadas de 1970 a 1990. “Estes anos foram bem mais desafiadores, pois nessa época as mulheres eram bem mais submissas aos homens; trabalhar era tabu e empreender no Brasil não era fácil”, destaca a diretora.

“Hoje, consigo entender melhor o que é ser a matriarca de uma organização. Somos forçadas a fazer escolhas e desafiadas a acertar mais do que errar, para que o preconceito seja substituído por respeito mútuo”, frisa a empreendedora. Questionada se hoje faria algo diferente, ela diz que não. “Apenas talvez encarasse os desafios mais como oportunidades de aperfeiçoamento”.

Áurea: “Coragem, fé, persistência” | Foto: Rafaelly Machado

Três décadas e meia mais nova, a esteticista e dermopigmentadora Andrielli Pereira Sagrillo, a Andri, viu na pandemia uma oportunidade para empreender. “É algo assustador e maravilhoso ao mesmo tempo, pois te dá a liberdade de tempo, mas tem seus desafios. Demanda motivação, disciplina, constância e resiliência”, afirma. Foi pedindo demissão do antigo emprego e iniciando os atendimentos em uma clínica que ela tomou as rédeas da própria rotina e se desenvolveu ainda mais como profissional.

Andri conta que, durante a graduação em Estética e Cosmética, testou diversas áreas de atuação. Logo após a formatura, trabalhou em uma clínica de emagrecimento, onde atendia diversas pacientes com estrias, cicatrizes e manchas. Foi nessa área de conhecimento e em uma técnica de camuflagem que ela se especializou. Conforme foi adquirindo experiência, desenvolveu o próprio tratamento contra estrias. “Logo após começar a lançar alguns resultados no Instagram, surgiram profissionais interessadas. Então, decidi criar uma modalidade de curso on-line ao vivo. Hoje, ministro curso presencial também”, salienta Andri.

A profissional ainda relata que sofreu bastante até decidir empreender, principalmente em função do medo. “Tive crises de ansiedade pelo novo, mas foi a melhor decisão que tomei. As dicas que eu dou é planejar cada passo através de uma análise de mercado, separar dinheiro para emergências (você pode precisar nos primeiros meses) e colocar teu negócio nas redes sociais, principalmente Instagram. 90% das minhas vendas são por lá. A principal dica após isso é: vai com medo mesmo! Você só vai saber se vai dar certo se tentar. A felicidade é feita de tentativas e escolhas.”

À frente de negócios novos ou consolidados, as mulheres seguem se provando não apenas capazes, mas necessárias no mercado empreendedor. Áurea e Andri são apenas dois exemplos de superação e resiliência, ao enfrentarem o medo e os desafios de frente. Em cargos de liderança, no mercado financeiro, na bolsa de valores, conciliando jornadas ainda injustas, sendo desacreditadas e superando os obstáculos, as mulheres continuam a abrir caminhos às meninas que um dia seguirão os passos delas. No lugar que almejarem, sejam eles quais forem.

Andrielli: “Foi a melhor decisão” | Foto: Rafaelly Machado

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