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Herveiras

Sem internet, alunos enfrentam dificuldades para acompanhar as aulas

Para a distribuição presencial das tarefas e de materiais didáticos, o educandário contou com o auxilio de equipe da Brigada Militar

Com as aulas presenciais suspensas desde março do ano passado, por causa da pandemia, diversos foram os obstáculos enfrentados por estudantes e professores de um educandário em Herveiras para manter o processo de aprendizagem durante a quarentena. Com 254 alunos, a Escola Estadual de Ensino Médio Emilio Alves Nunes, localizada na área urbana, atende em sua maioria jovens do interior e de municípios vizinhos, caso de Vale do Sol e Sinimbu.

Em outros locais, as aulas remotas foram oferecidas na rede pública pela plataforma Classroom, do Google for Education, garantindo a conexão entre aluno e professor. Nessa escola, porém, a falta de acesso à internet e de sinal de telefone em muitas localidades e a dificuldade de deslocamento foram além do processo de adaptação e inovação do ensino. Foi preciso força de vontade para manter o vínculo entre escola e estudante e não prejudicar o ano letivo.

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Goreti: muitos vivem em áreas distantes

Em 30 anos lecionando na escola, 20 como diretora e gestora pedagógica, Goreti de Melo explica que, após ser informada de que as aulas presenciais seriam suspensas e a escola teria de adaptar seu formato para o ensino a distância, ficou apreensiva pelos obstáculos que teria de enfrentar. “Nossa escola é diferenciada das outras. Temos os alunos que residem próximo, e para eles não foi problema. Acompanharam no Classroom ou buscaram devolver na escola os seus trabalhos o ano todo”, afirma. “Já os alunos do Ensino Médio, muitos residem em áreas de difícil acesso, e quando não tem aula não há transporte coletivo.”

Conforme ela, muitas famílias residem a até 30 quilômetros, em locais onde não há acesso a internet, nem sinal de telefone. “Depois de ouvir de um pai que ele não teria condições de ir até a escola buscar os materiais do filho, porque uma corrida particular com o carro de um vizinho custaria em torno de R$ 100,00, busquei alternativas sugeridas pela 6º CRE.” Uma parceria foi feita com a Brigada Militar, que se colocou à disposição para levar às famílias de áreas distantes os materiais didáticos e também os kits de alimentação escolar aos mais necessitados.

“Em todos esses anos de magistério, nunca pensei que passaria por momentos tão cruciais, que testariam nossos limites. Além das aulas online e no formato impresso, tínhamos de nos planejar para fazer a entrega e o recolhimento dos materiais impressos nesses locais”, ressalta. “Teve um dia em que o pneu da viatura furou, em outro ela atolou, e precisamos buscar ajuda de trator. Fomos além do nosso papel como professor; saímos do nosso espaço escolar, corremos risco, mas valeu cada esforço.”

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Superação

Prioridade foi atender alunos de localidades distantes

Para atender à demanda, em especial daqueles estudantes que residem nas localidades de Linha Barra de Ferro, Linha da Grama, Linha Água Fria e Linha Carvalho em Sinimbu, e em Linha Herval de Baixo, Linha Bastian, Linha Alto Castelhano, Linha Fontoura Gonçalves e Linha Boa Esperança, em Vale do Sol, onde os materiais tiveram de ser levados até a porta das casas das famílias, mudanças precisaram ser feitas no cronograma. O prazo de entrega, que era semanal, passou a ser quinzenal; e, no mesmo dia em que os impressos eram deixados, ocorria a devolução. De acordo com Goreti, em torno de um terço dos estudantes conseguiram acompanhar as aulas no formato online. A internet patrocinada pelo governo estadual não chegou a ser aproveitada pelos demais alunos, pelo fato de muitos residirem em lugares onde não há sinal de transmissão.

Contudo, a diretora assegura que a escola pôde atingir todos os estudantes, e os que tiveram maior dificuldade mas conseguiram chegar até a escola receberam aulas presenciais de recuperação em dezembro e no início de janeiro. “Apesar de muitas lacunas na aprendizagem, que ficou a desejar (pelo fato de as aulas não serem presenciais), não houve retenção de alunos. Os conteúdos essenciais que não foram alcançados em 2020 o aluno levará para o novo ano letivo”, salienta. “Trabalhamos, e nenhum aluno ficou desconectado da escola, com as aulas não presenciais. Atingimos todos os alunos, identificamos todas as dificuldades de acesso e buscamos as soluções. Estamos muito satisfeitos, pois todos da escola contribuíram, professores, equipe pedagógica, equipe gestora e funcionárias não mediram esforços para que nossa missão de educar fosse cumprida”.

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