A notícia de que os 11 equinos da Brigada Militar mantidos em Santa Cruz do Sul seriam transferidos para Santa Maria pegou de surpresa os integrantes de um projeto de equoterapia mantido pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) há dez anos. Segundo o tenente-coronel Valmir José dos Reis, do Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO), um estudo técnico foi realizado e a conclusão foi de que os animais devem ser concentrados em um local especializado, como o 1º Regimento de Polícia Montada Coronel Pillar, em Santa Maria. “Há uma estrutura adequada, com equipe técnica treinada, veterinário e transporte. É uma questão de gestão. Não é viável manter poucos animais em diversos municípios”, explica. Segundo ele, em caso de necessidade, os animais poderão ser requisitados. “Se precisarmos para o policiamento, entraremos em contato com a unidade especializada e eles serão transportados até Santa Cruz”, detalha.
A Apae lamentou a decisão. A diretora Cisele Borba disse que foi procurada para informar se havia documentos sobre o projeto de equoterapia. Mas, segundo ela, em nenhum momento foi comunicado que os cavalos seriam transferidos. “O projeto existe há dez anos. Temos 14 alunos que fazem equoterapia nas segundas e quartas-feiras. É um trabalho terapêutico, benéfico”, afirma. “Vamos nos mobilizar para chegar a um acordo. Será uma perda muito grande para a comunidade. Envolve pessoas voluntárias. Sem os cavalos, o projeto termina e os alunos ficarão desassistidos.” Ainda não foi estabelecida uma data para a transferência dos animais.
Larissa, de 10 anos, tem epilepsia e evoluiu com a equoterapia. Ela participa do projeto há três anos. “Ela não conseguia se firmar direito no lombo do cavalo. Agora anda sozinha”, diz a mãe Ângela Maria da Rosa. A menina sorri ao dar voltas no Guarani, auxiliada pela fisioterapeuta Fernanda Fischer. Pedro, de 9 anos, vai ganhando confiança ao trote da égua Linda Dona. A melhora no tratamento da paralisia cerebral é notável, conforme o pai, após cinco anos de terapia. “É importante para o desenvolvimento dele. Não há esse serviço na região, nem particular. Pessoas sem condições financeiras participam. Será uma perda enorme”, observa Jackson Castro.
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Na hospedaria
Os 11 animais ficam na agropecuária e hospedagem Independência. Para mantê-los, o estabelecimento recebe um auxílio financeiro de R$ 1.950,00 mensais da Prefeitura. O veterinário Celso Rech fornece a retaguarda de forma voluntária. A iniciativa foi desenvolvida em 2003 por um grupo de empresas e com o apoio dos coronéis Ilson Pinto de Oliveira e Dalvo Werner Friedrich. “Eles recebem o mesmo tratamento dos animais particulares, das pessoas que pagam para deixar aqui. Estão todos saudáveis, tem uma alimentação completa”, informa Josiane Stein, uma das proprietárias. “O policiamento montado é importante, principalmente em grandes eventos. Será um retrocesso total para a segurança pública. Um policial a cavalo equivale a cinco a pé. Além da equoterapia, que ajuda muito a quem precisa”, completa.
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