Regional

Sem água e sem estrada, famílias de Alto Sinimbu protestam na Câmara

A falta de água e de acesso a Alto Sinimbu – situada a seis quilômetros do centro de Sinimbu – levou moradores a protestarem nessa terça-feira, 11, à noite na Câmara de Vereadores. Com cartazes, um grupo formado por 40 pessoas cobrou soluções para restabelecer o fornecimento e a reconstrução da travessia. A 18ª sessão solene foi temporariamente suspensa, para que os vereadores conversassem com a população. Mais tarde, liberaram os microfones para duas pessoas se manifestarem.

Há 43 dias, a localidade está desabastecida e parcialmente isolada. O acesso principal era pela ponte Engelmann, nas proximidades da RSC-471, que foi levada pelas águas no dia 1º de maio. Desde então, a única opção de travessia é a pé, pela passadeira do Exército. Moradores relataram que até tratores foram usados para atravessar o Rio Pardinho a fim de transportar pessoas doentes.

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Além disso, a chegada de produtos no comércio está limitada. De acordo com a empresária Delci Maria Claas, 55 anos, há dificuldade de obter certos itens – principalmente os maiores – para o seu estabelecimento. “Imploramos por uma solução, pois estamos vivendo uma situação de calamidade”, desabafou. 

Sem um caminho alternativo, as atividades estão comprometidas na Industrial Boettcher de Tabacos Ltda., que existe na localidade há 57 anos. “Estamos impedidos de trabalhar, não conseguimos acessar com os caminhões”, afirmou Alessandro Boettcher, que administra o empreendimento junto com o irmão Ronaldo. Segundo ele, mesmo após tratativas com a Prefeitura e o Estado, continuam sem uma solução concreta, a curto prazo, para o problema.

Moradores utilizam água da chuva e do rio

Não bastasse a falta de acesso a Alto Sinimbu, as residências e estabelecimentos estão sem água após a rede ser danificada. Além disso, a falta de energia comprometeu o funcionamento do poço artesiano da localidade.  Desde então, a comunidade buscou alternativas para a escassez hídrica. E sem uma passagem para veículos, não é possível recorrer a um caminhão-pipa. 

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Conforme a gerente de uma agência de cooperativa de crédito, Fabiani Elisabet Spiegel, 46 anos, foi necessário recorrer à água da chuva. Ela utilizou até uma vertente, localizada na propriedade de um conhecido. No entanto, a água está turva e não consegue lavar roupas claras para utilizar no trabalho. “Estamos nos virando do jeito que dá.”

O gerente de empresa Cornel Boettcher, 69 anos, relatou ainda que algumas pessoas não conseguem água potável. “Parece que regredimos. Esqueceram de nós. Precisamos do comprometimento do Município”, afirmou.

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O que diz a Prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Sinimbu informou que está empenhada para restabelecer os serviços. Sobre o acesso, a equipe técnica de engenharia e da Defesa Civil realiza os trâmites legais e o levantamento para reconstrução da estrutura. Segundo o Município, 15 pontes, 16 pontilhões e 60 pênseis foram destruídas. “Essa reconstrução infelizmente não acontece de forma imediata”, consta no texto. Além disso, hoje devem chegar mais de 30 militares e material para construir uma ponte provisória na Linha Rio Grande. 

Em relação à falta de água, a Prefeitura afirma que toda a rede foi danificada e destruída em diversos pontos. A equipe responsável pelo abastecimento trabalha na recuperação. Além disso, o lugar onde está o poço artesiano que abastece a localidade teve a energia elétrica restabelecida há menos de uma semana. Com isso, haverá maior precisão na manutenção e reconstrução da rede, pois a maioria dos vazamentos e problemas são identificados só após o acionamento do abastecimento.

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Julian Kober

É jornalista de geral e atua na profissão há dez anos. Possui bacharel em jornalismo (Unisinos) e trabalhou em grupos de comunicação de diversas cidades do Rio Grande do Sul.

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